Atividade pedia que alunos calculassem quantidade de droga que caberia em pino de plástico. Secretaria Municipal de Educação diz que professora pediu exoneração do cargo
O Ministério Público de Goiás (MP-GO) apura a conduta profissional de duas servidoras municipais que usaram como exemplo em uma tarefa o cálculo para colocar cocaína em pino de plástico, em Itaberaí. De acordo com a titular da Secretaria Municipal de Educação (SME), Carla de Deus, a professora pediu exoneração do cargo e foi instaurado um Processo Administrativo Disciplinar.
Em nota, a gestora da escola completa que o afastamento da servidora foi solicitado, pois a atividade estava totalmente fora do alinhamento de trabalho da equipe escolar. O documento reforça que a profissional passa por um Processo Administrativo Disciplinar e que a escola desaprova qualquer tipo de atividade que foge do trabalho pedagógico desenvolvido em planejamento.
O caso aconteceu na Escola Municipal Padre Elígio Silvestri no dia 7 de outubro deste ano e divulgado no dia 8. Em nota, o MP-GO informou que o promotor de Justiça Marcelo Faria da Costa Lima se reuniu com a secretária de educação para verificar as medidas que foram tomadas sobre o caso.
Carla de Deus explica que foi instaurado um PAD e, ao MP, informou que além da exoneração foi instaurado procedimento para apurar a conduta administrativa tanto da supervisora quanto da coordenadora pedagógica da unidade.
O informe do MP pondera que o procurador-geral do município, Daniel Fernandes Leite, completou que a Câmara Municipal de Itaberaí constituiu Comissão Especial para acompanhar do processo administrativo aberto que vai analisar a conduta das duas servidoras municipais.
Em entrevista na época do fato, um dos pais, que preferiu não ter a identidade divulgada, queria que o filho passasse a estudar em outra unidade de ensino.
“Olha se tem como uma escola mandar para um menino de 14 anos resolver um problema baseado em pino de cocaína. [...] Porque não baseou em outra coisa? Tinha que ser logo cocaína? Não pus meu filho lá para estudar sobre cocaína”, disse indignado.
Esse pai contou que alertou o Conselho Tutelar sobre a situação. O órgão disse à TV Anhanguera que está ajudando a família na possibilidade de transferência do adolescente de escola.
Também segundo o Conselho, a escola recebeu uma visita de agentes do órgão assim que soube do que aconteceu. Eles informaram que a diretora reconheceu que houve erro e que o objetivo de propor um problema na questão poderia ser alcançado usando outras substâncias como exemplo.
Mãe de outro estudante que recebeu a lição também achou um absurdo ver a droga ser usada em uma questão.
“A coordenadora disse que isso era um cálculo comum, como se fosse com arroz, feijão. Que não estão influenciando os alunos a vender ou a usar”, reclamou.
Todas as providências cabíveis foram imediatamente tomadas pela unidade escolar assim que chegou até o conhecimento.
Enquanto gestora o que me compete de acordo com as diretrizes educacionais foi me colocar à disposição imediatamente da família, acionei a SME - Secretaria Municipal de Educação, realizamos uma reunião extraordinária com o Conselho Escolar e lavramos em ata o acontecido, aplicamos um memorando para que a professora pudesse se retratar perante a escola pela postagem de uma atividade imprópria e que não constava no planejamento recebido, após a justificativa apresentada reunimos novamente o Conselho Escolar e solicitamos o afastamento da mesma visto que a atividade estava totalmente fora do alinhamento de trabalho da nossa equipe.
A professora estará passando pelo Processo Administrativo. Prestamos uma nota de esclarecimento à comunidade e respondemos a todos os ofícios deixando claro que a Escola Padre Eligio Silvestri desaprova totalmente qualquer tipo de atividade que foge do trabalho pedagógico que desenvolvemos.