Rafael Martins Mendonça está preso temporariamente em um presídio militar. Crime aconteceu em Rio Verde
Pedagoga Elaine Barbosa e a filha dela Ágatha Maria, de 3 anos, que foram mortas em Rio Verde — Foto: Montagem/g1 e Reprodução/TV Anhanguera
A menina Sara, de 5 anos, que sobreviveu aos tiros do policial militar Rafael Martins Mendonça, que matou a esposa Elaine Barbosa de Sousa, e a enteada, Ágatha Maria, de 3, chora e pergunta pela família. Quem conta é o pai das duas meninas, Frank Bonifácio, que foi casado com Elaine.
“Sara saiu do hospital e perguntou “Cadê a mamãe? Pega a mamãe pra ir pro hospital, a maninha também [sic.]. É muito triste”, conta Frank.
Rafael está preso preventivamente em um presídio militar após passar por audiência de custódia. O g1 não conseguiu localizar a defesa do suspeito para um posicionamento até a última atualização desta reportagem.
Questionado sobre como era a relação de Frank com o padrasto das filhas, ele conta que chegava a desconfiar das atitudes do policial e tinha medo de deixá-lo com as meninas. Frank tinha a guarda compartilhada das crianças e as visitavam frequentemente.
“Nunca tivemos uma conversa amigável. "Isso pra mim não é justiça, ele ficar em presídio militar. Ele ainda é PM, recebe salário e tem regalias. Quem vê justiça nisso?", questiona o pai.
Segundo o pai, ao ser baleada, o projétil transpassou o braço de Sara, a perna e a virilha da menina, agora, ela se recupera em casa. "Deus botou a mão e ela sobreviveu”, desabafa.
A Polícia Militar lamentou o crime e disse que vai prestar todo apoio à família das vítimas. A corporação ressaltou que o militar estava de folga no momento do assassinato e não usava arma da polícia. Um Procedimento Administrativo Disciplinar foi aberto para tomar as medidas necessárias. O soldado está no presídio militar da cidade.
Segundo a Polícia Civil, o policial estava afastado do serviço nas ruas, fazendo o trabalho administrativo. Inicialmente, a polícia informou que o militar estava com problemas psicológicos. No entanto, o delegado explicou que o soldado teve um AVC.
O crime foi na noite de quarta-feira (14) e o policial militar foi preso logo depois. De acordo com o delegado Adelson Candeo, a pedagoga Elaine Barbosa estava de joelhos e tentou se proteger dos tiros quando foi assassinada junto com a filha. Segundo a Polícia Civil, o soldado ainda baleou a outra enteada, de 5 anos, que foi levada a um hospital.
A situação foi descoberta após o PM ligar para um amigo, também militar, dizendo que tinha feito uma besteira e iria se matar. A esposa, Elaine Barbosa de Sousa, e a filha, Ágatha Maria de Sousa, morreram na hora. A outra criança foi socorrida pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e levada a uma unidade de saúde.
Adelson Candeo detalhou que a mulher foi atingida com oito tiros e a filha dela, de 3 anos, com cinco, sendo um deles de raspão. O investigador contou que, durante perícia no local do crime, havia indícios claros de que a mulher tentou se defender dos disparos.
“Como ele relatou que teve uma briga, provavelmente ela estava de joelhos pedindo para que ele desistisse de dar os tiros. Muito provavelmente, quando ele começou a efetuar os disparos, ela ergueu o braço e recebeu vários tiros no braço. São claramente lesões de defesa”, contou.
Ainda conforme o delegado, além da posição em que o corpo foi encontrado, o perito também constatou que ela estava em uma posição ajoelhada ou achada com base nas marcas dos disparos.
“Quando uma pessoa está em pé e você atira, os tiros transfixam o corpo e batem na parede. No caso dela, todos os tiros estavam no chão. Ela recebeu oito tiros e os oito projéteis atravessaram o corpo dela e foram para o chão”, explicou.