Texto ainda precisa de aval do Senado americano. Caso medida seja de fato acatada, Trump precisará de autorização do Congresso antes de realizar ataques
Trump disse na quinta (9) que não tinha porque buscar aprovação do congresso já que "às vezes é preciso tomar decisões em uma fração de segundo" (Foto: reprodução/internet)
A Câmara dos Deputados dos EUA aprovou nesta quinta-feira (9) uma resolução que restringe ações militares do presidente Donald Trump no conflito com o Irã, dias após ele ter ordenado um ataque com drone que matou o comandante da Guarda Revolucionária do país. Pela determinação, que ainda vai ao Senado, o presidente seria obrigado a pedir autorização ao Congresso antes de tomar outras medidas relacionadas ao tema.
O resultado foi de 224 votos a favor contra 194, refletindo a divisão na Casa entre democratas, que acusam Trump de agir de forma imprudente, e republicanos, que apóiam fortemente o presidente. A medida vai a votação no Senado e deve enfrentar resistência na Casa, onde os republicanos são a maioria, 53 contra 47.
Na quarta-feira, Trump deu sinais de que não pretende ir à guerra contra a República Islâmica após a tensão gerada por um ataque americano com drones que matou o principal comandante militar iraniano, tendo como resposta de Teerã o lançamento de mísseis contra bases que abrigam forças americanas no Iraque.
Mas a bancada democrata e dois membros republicanos do Senado expressaram ceticismo em relação à justificativa do governo sobre a ordem de Trump de matar o general Qassem Soleimani, e estão exigindo que o Congresso reafirme seu poder sobre o uso das forças armadas dos Estados Unidos pelo Comandante em chefe contra outra nação.
Citando a Resolução dos Poderes de Guerra de 1973, que proíbe um presidente de levar o país à guerra sem a aprovação do Congresso, a medida “ordena que o presidente suspenda o uso das forças armadas dos Estados Unidos para participar de hostilidades contra o Irã ou qualquer parte do seu governo ou ala militar”.
Mas o texto, apresentado pela congressista Elissa Slotkin, ex-funcionária da CIA com vasta experiência no Iraque, também prevê exceções importantes, permitindo o uso da força para defender ou impedir um ataque “iminente” contra os Estados Unidos ou os americanos.
A medida entrou na Câmara como uma resolução simultânea, uma forma de regulamentação que não tem o peso da lei, mas poderia servir como instrumento político, sendo uma repreensão à estratégia de política externa de Trump.
Questionado se deveria procurar apoio legislativo para suas ações militares contra o Irã, Trump disse nesta quinta que “não tem por que fazer isso”. “E você não deveria fazer isso porque às vezes você precisa tomar decisões em uma fração de segundo”. Trump disse antes da votação que contava com seu Partido Republicano para se apresentar unido contra a medida.
“Espero que todos os republicanos da Câmara votem contra a resolução dos poderes de guerra de Crazy (“Louca”) Nancy Pelosi”, escreveu no Twitter o presidente em referência à líder da maioria democrata na Câmara dos Representantes, que está à frente da medida.
“O presidente deixou claro que não tem uma estratégia coerente para manter o povo americano seguro, interromper a escalada com o Irã e garantir a estabilidade na região”, declarou Pelosi, que participou de uma reunião reservada entre os parlamentares, o secretário de Estado, Mike Pompeo, e outros funcionários do alto escalão do governo, realizada na quarta-feira.