O bloco Brics tem como objetivo a cooperação econômica e o desenvolvimento entre os países-membros. A ampliação foi um dos principais temas discutidos em Cúpula
No fim do dia, representantes dos cinco países do BRICS posaram para a imagem oficial do evento na África do Sul. Os presidentes Lula, Xi Jinping (China), Cyril Ramaphosa (África do Sul), o primeiro-ministro Narendra Modi (Índia) e Sergey Lavrov, ministro das Relações Exteriores da Rússia. Foto: Ricardo Stuckert / PR
O grupo Brics — composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — integrará mais seis países a partir de janeiro de 2024. O anúncio foi feito pelo presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, nesta quinta-feira (24/8). O bloco tem como objetivo a cooperação econômica e o desenvolvimento entre os países-membros. De acordo com o comunicado de Ramaphosa, Argentina, Irã, Arábia Saudita, Egito, Etiópia e Emirados Árabes Unidos passarão a integrar o grupo de países emergentes.
"Com esta cúpula, o Brics inicia um novo capítulo", pontuou Ramaphosa. A ampliação do bloco foi um dos principais temas discutidos na 15ª Cúpula do Brics, que ocorre em Joanesburgo, na África do Sul, desde o início da semana. O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi um dos chefes de Estado presentes na reunião que defenderam a expansão do grupo.
"O Brics não pode ser um clube fechado. O G7 é um clube fechado. O G7, mesmo quando o Brasil chegou a ser a sexta potência do mundo, ele participou como convidado. Acho que o Brics tem possibilidade de ampliação. Se todo mundo quer, não é difícil entrar. Obviamente que você tem que estabelecer determinados procedimentos para que as pessoas entrem", afirmou Lula.
Com a entrada dos novos países, o Brics terá cerca de 46% da população mundial e quase 36% do PIB global em paridade de compra. Além da expansão, os atuais membros do bloco definiram os critérios para a entrada no grupo. O acordo foi que os bancos centrais e ministérios da Fazenda e Economia de cada país ficarão responsáveis por realizar estudos em busca da adoção de uma moeda de referência do Brics para o comércio internacional. “Essa medida poderá aumentar nossas opções de pagamento e reduzir nossas vulnerabilidades”, disse Lula, em discurso.
Os representantes dos países que passarão a integrar o bloco celebraram o anúncio da expansão. O primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, afirmou que a entrada no bloco representa uma "momento forte" para o país africano. Já o conselheiro do presidente iraniano, Mohammad Jamshidi, destacou que a entrada do Irã é um "sucesso estratégico para a política externa da República Islâmica".
Criado em junho de 2009, o Brics é um bloco que reúne países que compartilham aspectos socioeconômicos parecidos, com o intuito de alcançar um desenvolvimento mútuo. "O peso econômico dos BRICS é certamente considerável. Entre 2003 e 2007, o crescimento dos quatro países representou 65% da expansão do PIB mundial. Em paridade de poder de compra, o PIB dos Brics já supera hoje o dos EUA ou o da União Europeia", destaca o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA).
"Para dar uma ideia do ritmo de crescimento desses países, em 2003 os BRICs respondiam por 9% do PIB mundial, e, em 2009, esse valor aumentou para 14%. Em 2010, o PIB conjunto dos cinco países (incluindo a África do Sul), totalizou US$ 11 trilhões, ou 18% da economia mundial. Considerando o PIB pela paridade de poder de compra, esse índice é ainda maior: US$ 19 trilhões, ou 25%", acrescenta o IPEA.