Saiba quais os sintomas e quais são as vacinas disponíveis nas redes pública e privada.
Arthur Lula da Silva, de 7 anos, neto do ex-presidente Lula, morre de meningite — Foto: Reprodução/Facebook
Arthur Lula da Silva, de 7 anos, neto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, morreu nesta sexta-feira (1º), vítima de meningite meningocócica, em São Paulo.
Arthur deu entrada no Hospital Bartira , em Santo André, no ABC Paulista, às 7h20 desta sexta-feira com "quadro instável" e faleceu às 12h11 "devido ao agravamento do quadro infeccioso de meningite meningocócica, segundo a assessoria da Rede D'Or São Luiz, da qual o hospital faz parte.
O que é a meningite?
As meninges são as membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal. A meningite ocorre quando há uma inflamação desse revestimento, causada por micro-organismos, alergias a medicamentos, câncer e outros agentes.
Entre os agentes infecciosos, as meningites bacterianas e as virais são as mais importantes do ponto de vista da saúde pública e também as que causam mais preocupação, devido a sua magnitude, capacidade de causar surtos e, no caso da meningite bacteriana, devido à sua maior gravidade.
A meningite meningocócica, especificamente, é causada pela bactéria Neisseria meningitidis (ou meningococo). Existem 12 subtipos diferentes da meningocócica e, no Brasil, os principais sorogrupos circulantes (que causam a maioria dos casos) são B, C, W e Y.
Qual é o tipo de meningococo que causou a morte de Arthur Lula da Silva?
Até o momento, sabe-se apenas que a doença era meningite meningocócica. O Hospital Bartira não informou o sorotipo.
Qual é a incidência da meningite meningocócica no Brasil?
Dados do Ministério da Saúde mostram que, em 2018, foram registradas 1.072 ocorrências de doença meningocócica no Brasil e 218 mortes. Em 2017, no mesmo período, foram 1.138 e 266, respectivamente.
Em relação à meningite pneumocócica (causada pela bactéria Streptococcus pneumoniae, ou pneumococo) foram 1.030 ocorrências e 321 mortes em 2017, e 934 e 282 em 2018. As meningites causadas por outras bactérias somaram 2.687 notificações e 339 óbitos em 2017, e 2.568 e 316 em 2018.
O sorogrupo C é o principal causador de doença meningocócica no Brasil, responsável por cerca de 60% dos casos.
Existe vacina para a meningite meningocócica? Tem no SUS?
Existem vacinas contra os principais sorogrupos que causam a doença meningocócica (A, B, C, W, Y).
A vacina para o tipo C está disponível no Calendário de Vacinação do Programa Nacional de Imunização da rede pública para os seguintes grupos:
Além da vacina para o tipo C disponível na rede pública há também imunização na rede privada, dos tipos meningocócica B e meningocócica conjugada para A, C, W e Y. "As autoridades têm que ficar atentas para a curva de prevalência. Se o B estiver crescendo, podem chegar à conclusão de que devem oferecer também esse tipo na rede pública", explica Dra. Ana Escobar, pediatra.
Outras vacinas disponíveis no SUS que podem ajudar a prevenir tipos diferentes de meningite são:
Como se transmite a meningite bacteriana? Geralmente, as bactérias que causam meningite bacteriana (inclusive a meningocócica) se espalham de uma pessoa para outra por meio das vias respiratórias, por gotículas e secreções do nariz e da garganta. Existem também bactérias, como a Listeria monocytogenes e da Escherichia coli, que podem se espalhar por meio dos alimentos.
Algumas pessoas podem transportar essas bactérias dentro ou sobre seus corpos sem estarem doentes. Essas pessoas são chamadas de “portadoras”. A maioria dessas pessoas não adoece, mas ainda assim pode espalhar as bactérias para outras pessoas.
Quais são os sintomas da meningite meningocócica?
A meningite tem, em geral, quadro clínico grave. Por isso, quando houver suspeita de que se está com a doença, a recomendação é procurar o médico o mais rápido possível. Só ele pode determinar se é mesmo meningite, qual é o tipo e qual é o melhor tratamento. Como informa o Ministério da Saúde, os sintomas da meningite incluem início súbito de febre, dor de cabeça e rigidez do pescoço. Muitas vezes há outros sintomas, como:
Com o passar do tempo, alguns sintomas mais graves da meningite bacteriana podem aparecer, como convulsões, delírio, tremores e coma.
Em recém-nascidos e bebês, alguns dos sintomas descritos acima podem estar ausentes ou difíceis de serem percebidos. O bebê pode ficar irritado, vomitar, alimentar-se mal ou responder pouco a estímulos. Também pode apresentar a fontanela (moleira) protuberante ou ter reflexos anormais.
Na septicemia meningocócica (também conhecida como meningococemia), que é uma infecção na corrente sanguínea causada pela bactéria Neisseria meningitidis, além dos sintomas descritos acima, podem aparecer outros como:
A meningite meningocócica é muito grave?
Sim e o caso de Arthur não foi uma exceção, pois são principalmente as formas da meningite causadas por bactérias que podem levar à morte.
As meningites pneumocócica e meningocócica podem levar à meningococcemia e, nesse caso, a doença pode evoluir de forma fulminante, matando em poucas horas. A Dra. Ana Escobar explica que um sinal da meningococcemia são manchas na pele. "Quando elas aparecem é alerta máximo", diz.
Como informa o Ministério da Saúde, nas meningites causadas por vírus, geralmente a evolução é mais branda e o prognóstico da doença é menos grave que na meningite bacteriana.
Como é o tratamento?
As meningites bacterianas são tratadas com antibióticos, em ambiente hospitalar.