A Polícia Civil está investigando o caso e já solicitou ao IML (Instituto Médico Legal) um exame detalhado
A morte da estudante Vitória Castro, de apenas 18 anos, após ter relações sexuais com o marido, de 19, em São Vicente, litoral de São Paulo, pode ter sido causada por arritmia cardíaca. Médicos conjecturam que, por conta da idade e pelos relatos de familiares, de que a jovem não possuía histórico de doenças anteriores, a falta de ritmo nos batimentos do coração pode ser indicada como hipótese mais plausível. A Polícia Civil está investigando o caso e já solicitou ao IML (Instituto Médico Legal) um exame detalhado.
Segundo o marido de Vitória relatou à Polícia Civil, ela desmaiou no chuveiro no momento em que estavam tendo relações sexuais, pela segunda vez, na madrugada de quinta-feira (20). O casal estava em sua residência, no bairro Jóquei Clube. Apesar de o resgate ter sido acionado logo após a vítima passar mal, a jovem faleceu antes que pudesse ser socorrida.
Aos policiais, o pai de Vitória informou que a jovem não fumava, não bebia e nem ingeria drogas. Vitória era mãe de uma criança de apenas dois meses. O médico que atendeu a ocorrência atestou o óbito, mas não a causa da morte. Porém, deixou registrado que a jovem não aparentava possuir marcas de agressão.
Segundo especialistas, as mortes súbitas abrangem somente 0,2% de todas as mortes registradas — acometendo, na maioria dos casos, homens. Há vários casos famosos de indivíduos que acabaram morrendo durante o sexo e tiveram seus óbitos registrados e noticiados, incluindo o ex-presidente francês Félix Faure e o magnata Nelson Rockefeller, ex-vice presidente dos EUA.
Assim como em qualquer atividade física, durante o sexo o coração pode duplicar o número de batidas por minuto para suprir o corpo com mais energia, distribuída pelo corpo no oxigênio do sangue. Assim, a pressão arterial sobe no corpo inteiro e o pulmão também passa a trabalhar com mais intensidade. Por isso, problemas pulmonares prévios também podem acarretar em morte súbita durante a prática de exercícios físicos.
“As mortes súbitas durante o ato sexual, porém, são bem menos frequentes do que se imagina”, explica o neurocirurgião Wanderley Cerqueira de Lima, que trabalha para a Rede D’Or e o Hospital Albert Einstein, em São Paulo. “E, na maioria das vezes, acomete os homens e não as mulheres”.
Algumas causas são apontadas pelo especialista como prováveis para o caso envolvendo a morte de Vitória. Entre elas, a possibilidade de a jovem ter tido um aneurisma cerebral que se rompeu. O aneurisma é a dilatação de um dos vasos sanguíneos que levam sangue até ao cérebro.
Outra possibilidade é a malformação arteriovenosa cerebral, patologia que provoca uma ligação anormal entre artérias e veias, geralmente no cérebro ou na coluna vertebral. “As artérias e veias em uma malformação arteriovenosa podem se romper, causando sangramento no cérebro ou até mesmo na medula espinhal”, diz o especialista.
A terceira causa pode ser considerada, por enquanto, a mais plausível para explicar a morte de Vitória. A arritmia cardíaca é uma condição caracterizada pela falta de ritmo nos batimentos do coração. “No caso da jovem, ela poderia sofrer de alguma malformação no coração e não saber”.
A arritmia cardíaca é também uma das hipóteses defendidas pela cardiologista Nicolle Queiroz, membro do corpo clínico dos hospitais Albert Einstein e São Luiz. Isso por conta da idade de Vitória. Jovens na idade dos 35 anos em diante possuem mais propensão a ter, como primeira causa da morte, o infarto do miocárdio. Jovens com menos de 35 anos estão mais propensas a doenças cardiológicas e, de uma maneira geral, arritmia e doenças estruturais cardiológicas.
“Eu não conheço a paciente, fica difícil opinar. Mas podemos falar em doenças congênitas do coração, malformação do ventrículo, artéria ou válvula; ou a hipótese mais forte, que é a arritmia. Já que a família diz abertamente que a menina não tinha nada, não sentia nada. Segundo dados do Ministério da Saúde, mais de 300 mil pessoas morrem ao ano por arritmia. Então essa é uma hipótese a ser considerada: a arritmia cardíaca”.
Quem possui doenças preexistentes deve procurar aconselhamento médico.
Pessoas que tenham problemas coronarianos ou cerebrais, cardiocirculatórios, que já tenham infartado ou possuam comprometimento cardíaco ou alguma insuficiência cardíaca, além de outros problemas graves correlatos, devem buscar uma orientação de seu médico assistente antes de realizar alguma atividade física, avisa o psicólogo e clínico geral Roberto Debski. Inclusive atividades sexuais.
“Essas pessoas precisam saber quais são os limites e tipos de atividades físicas que elas podem realizar, inclusive uma avaliação do que pode ou não ser feito com relação à sexualidade. É preciso saber também se há ou não necessidade de medicação. Geralmente quem apresenta essas patologias já contam com um tratamento de base, uma rotina de avaliação cardiovascular. E é por isso que a avaliação do médico é importante, para que elas possam realizar essas atividades de esforço físico com total segurança”. Explica o médico.