Uma reportagem da revista Crescer revelou que alguns vídeos de conteúdo infantil são interrompidos pela Boneca Momo, com cenas que ensinam a prática do suicídio às crianças. O caso chegou ao conhecimento da professora e produtora de conteúdo Juliana Tedeschi Hodar, 41 anos, por meio de grupos de WhatsApp, mas ao conversar com a filha para orientar, ela descobriu que a menina de 8 anos já tinha visto a Boneca Momo.
A menina estava com muito medo e o que surpreende é que os pais já haviam colocado filtro nos vídeos da plataforma. O Youtube informou à revista Crescer que, após análise, não viu evidência recente de vídeo promovendo o Desafio Momo na plataforma. “Vídeos incentivando desafios prejudiciais e perigosos são claramente contra nossas políticas, incluindo o desafio Momo. Apesar dos relatos da imprensa sobre esse desafio, não tivemos links recentes sinalizados ou compartilhados conosco do Youtube que violem nossas Diretrizes da comunidade”, disse. A empresa ainda disse que a imagem da boneca não é permitida no Youtube Kids e que há garantias para excluir do conteúdo da plataforma.
Boneca Momo: o que é e como proteger as crianças
A Boneca Momo já foi tema de reportagem em agosto, quando era disseminada em correntes no WhatsApp. Com um desafio parecido com o da Baleia Azul, uma a corrente foi causa de preocupação entre os pais. A Boneca Momo é uma figura medonha, de olhos esbugalhados e parecida com uma mulher pássaro. Na corrente, alguém se passa pelo personagem e lança um jogo com desafios perigosos, como o sufocamento e enforcamento.
Especialistas defendem tanto a mediação de responsáveis quanto ao conteúdo acessado por crianças e jovens na internet, como tratar os jogos perigosos como uma política de prevenção à saúde. Eles destacam que em alguns países, como a França, Canadá e África do Sul, a prevenção aos jogos de risco recebem a mesma atenção dos governos que a prevenção do suicídio, ou seja, são tratados como problemas de saúde pública. No Brasil, há pouquíssima discussão sobre o tema.
“Nós observamos que os pais têm medo de quando os filhos estão na rua, porque eles podem correr riscos. Risco do assalto, risco do sequestro, de usar drogas, das violências urbanas. Mas, quando o filho está trancado no quarto ou no banheiro, ele está exposto a outros perigos que infelizmente são invisíveis aos pais. São nesses ambientes que os jogos de risco costumam acontecer”, explica Luísa Maria Freire Miranda, psicóloga que desenvolve em seu mestrado na UFC (Universidade Federal do Ceará) pesquisa sobre os jogos de risco como um fenômeno da atualidade, uma espécie de espetacularização totalmente inconsequente.
Fonte: Mídia Max