Presidente da Câmara de Aparecida de Goiânia determinou que fala fosse interrompida: "Corta o microfone!"; revoltada, ela chorou em plenário
A vereadora Camila Rosa (PSD), de Aparecida de Goiânia (GO), teve o microfone cortado durante uma sessão ordinária, nessa quarta-feira (2/2), ao retrucar falar do presidente da Câmara local e defender a presença de mais mulheres na política.
Ela, que é a única vereadora mulher da cidade, chegou a chorar, entre assustada e revoltada, no momento do ocorrido, e registrou um boletim de ocorrência nesta quinta-feira (3/2) por violência política contra a mulher.
Tudo começou depois que o presidente da casa, vereador André Fortaleza (MDB), falou sobre uma publicação feita por Camila nas redes sociais, na qual ela defendeu o espaço das mulheres e das minorias na política. Um seguidor da vereadora comentou elogiando a postura dela e afirmou que a Câmara de Aparecida é composta “por um bando de machistas”.
Veja o vídeo da discussão:
“Fake news”
Fortaleza defendeu-se, durante a sessão, dizendo que não tolera preconceitos: “Eu não sou machista. Sou contra fake news. Isso aqui para mim é uma fake news”.
Ele seguiu argumentando, e expôs: “Eu não sou contra classe feminina, sou contra cotas. Eu sou contra oportunismo, sou contra ilusionismo. E por mim, não adianta, pode ser mulher, pode ser homem, pode ser homossexual… Eu só falei que os direitos têm que ser iguais e os deveres, também”.
“Carapuça”
Ao ter o direito de fala, Camila rebateu, dizendo que não havia dito que ele era contra cotas. “Não disse isso. Agora, se o senhor entendeu isso, a carapuça pode ter servido. O senhor sempre fala de caráter, fala de transparência, mas parece que o senhor tem algum problema com isso”, disse ela.
Desse momento em diante, deu-se início a uma discussão calorosa entre os dois, até que o vereador determinou que fosse cortado o microfone dela:
“Corta o microfone dessa vereadora para mim. Agora!”.
Camila ficou assustada com a situação e começou a chorar. Durante a discussão, André Fortaleza chegou a dizer que ela fosse até uma delegacia, se ela achasse necessário. “Vai na delegacia e registra um B.O. Fique à vontade, se a senhora achar que eu estou cometendo um delito”, alegou ele. E assim a vereadora o fez.
Registro da ocorrência
Após restabelecer o direito de fala e enfatizar que é esse o tipo de tratamento que as mulheres recebem na política, Camila deixou a Câmara e foi até uma delegacia da cidade.
Ela, primeiro, se dirigiu até a Delegacia da Mulher, mas foi informada que deveria ir a uma delegacia de área, pois o crime seria de violência política contra a mulher, delito que se tornou crime em 2021.
Após o ocorrido, a assessoria da vereadora comunicou pelas redes sociais que ela estava sem condições emocionais de cumprir agenda no restante do dia.
Veja:
André Fortaleza alega que não atingiu pessoalmente a vereadora e que sempre defendeu as mulheres, aprovando todos os projetos ligados a elas. O vereador defende que a fala dele foi distorcida e que o caso não deve ser tratado como violência de gênero.