Série de auxílios provoca inchaço na folha de pagamento de magistrados. Alguns ainda recebem recomposição salarial do início dos anos 1990
Goiânia – No segundo ano da pandemia da Covid-19, o Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO) bateu recorde com pagamento de supersalários a magistrados, chegando ao total de R$ 555 milhões até dezembro, mesmo mês em que pediu crédito ao estado para fechar a folha, inchada por novos penduricalhos. Mesmo sem reajuste oficial, o valor representa salto de 29% em relação a 2019, último ano antes da crise sanitária. Previsão é de aumento de gastos em 2022.
Baseado em dados monitorados e divulgados pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), levantamento do Metrópoles considera valores pagos a magistrados ativos e inativos, além de pensionistas. Revoltados por estarem três anos sem reajuste, servidores efetivos cogitam paralisação para 2022, mas enfrentam obstáculo no próprio sindicato da categoria, que tem evitado desgaste com a cúpula do TJGO.
Apenas neste mês de dezembro, 46 magistrados do tribunal goiano receberam, cada um, valor bruto maior que R$ 100 mil. No total, 215 juízes tiveram, separadamente, contracheque com cifra superior a R$ 78,4 mil, o dobro do que é pago a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), definido como o teto constitucional, que não incide sobre auxílios.
Em 2020, primeiro ano da pandemia, o Judiciário goiano gastou R$ 476,9 milhões com a folha de pagamento de magistrados; em 2019, R$ 431,3 milhões; e, em 2018, R$ 399,8 milhões. O aumento de gasto com contracheques deles ocorreu no mesmo momento em que o estado proibiu reajuste para servidores por causa da pandemia.
O inchaço da folha de pagamento de juízes foi impulsionado por novos adicionais instituídos pela própria cúpula do TJGO, como a “gratificação por acervo”, criada em fevereiro deste ano, e o salto de até 177% no valor do auxílio-saúde mensal. Este último é pago desde maio do ano passado e recebeu reajuste neste ano, com valor que varia de R$ 1.824 a R$ 3.546, conforme a idade de quem o recebe.