Força-tarefa concluiu que o servente de pedreiro Hian Alves de Oliveira, 18 anos, agiu sozinho na morte de Danilo de Sousa Silva, de 7 anos
Servente de pedreiro Hian Alves de Oliveira disse à polícia que matou o menino Danilo Silva sozinho, em Goiás — Foto: Reprodução/TV anhanguera
O servente de pedreiro Hian Alves de Oliveira, de 18 anos, foi indiciado por matar o menino Danilo de Sousa Silva, 7 anos, que foi afogado em lama numa mata a 100 metros da casa onde morava, no Parque Santa Rita, em Goiânia, segundo informou a Polícia Civil nesta segunda-feira (10). O padrasto do garoto, que também era suspeito de cometer o crime, foi inocentado ao fim da investigação.
A Polícia Civil informou que o Ministério Público de Goiás deve pedir a soltura do padrasto de Danilo, Reginaldo Lima Santos, que foi preso, junto com Hian, em 31 de julho, pela suspeita de cometer o crime. Como a prisão preventiva foi decretada pela Justiça, a revogação deve ser feita pelo próprio Judiciário. Até as 18h30 desta segunda-feira, ele seguia detido na Delegacia de Capturas.
O G1 não conseguiu localizar a defesa de Reginaldo Lima até a última atualização dessa matéria. A reportagem entrou em contato às 7h45 de terça-feira (11) por email e telefone com a Defensoria Pública para saber se ele é representado por um defensor público e aguarda resposta.
A defesa de Hian Oliveira disse que "vai acompanhar todo o procedimento para garantir que sejam cumpridas todas as formalidades e sustenta a inocência" do cliente. Os advogados não acreditam na motivação que consta na conclusão do inquérito de que ele tinha ciúmes do padrasto da vítima.
O Ministério Público de Goiás informou, em nota, que o inquérito, após chegar à instituição, será distribuído e em seguida analisado pelo promotor ou promotora designado automaticamente para atuar no caso. "Somente após a análise é que o promotor ou promotora designado irá se manifestar", diz o comunicado.
Segundo a família contou à Polícia Civil, Danilo sumiu no último dia 21 de julho ao sair para ir à casa da avó. Seis dias depois, um corpo foi encontrado na região e, no dia seguinte, a corporação confirmou que se tratava da criança que estava desaparecida.
Hian Oliveira era vizinho da família e atraiu Danilo para a mata, onde foi morto afogado na lama, dizendo que buscariam juntos uma pipa que caiu no meio das árvores, de acordo com o delegado Rilmo Braga, titular da Delegacia de Investigação de Homicídios (DIH), que coordenou a força-tarefa montada para apurar o crime.
"Ele atraiu o menino para o local dizendo que iria pegar uma pipa e o asfixiou na lama até a morte. Após isso, ouviu um suspiro e, com ajuda da vara, cutucou para saber se ele já estava morto", afirma Braga sobre a dinâmica do crime.
O delegado explica que o sentimento de Hian era de revolta em desfavor do padrasto de Danilo e, por isso, ele tinha mentido aos investigadores. Inicialmente, o servente de pedreiro relatou que apenas tinha ajudado o padrasto de Danilo a segurar o menino e, para isso, receberia uma moto e um carro como pagamento. A versão, no entanto, foi desmentida pelo próprio Hian.
De acordo com Braga, o servente de pedreiro planejou a morte de Danilo por cinco dias, inclusive, observando toda a rotina da família e como faria para que a responsabilidade do crime recaísse sobre o padrasto. O motivo seria ciúmes do pastor Fabiano Silva, que tinha abrigado Hian há cerca de três meses e morava na mesma rua da vítima.
"Ele sentia ciúmes do seu pai adotivo, o pastor, porque presenciou ajuda financeira para a família de Danilo. O pastor tinha costume de ajudar famílias, mas, nos últimos meses, ele acolhia mais a família do menino", relatou o delegado.
Segundo a polícia, o servente de pedreiro tinha "certeza que Reginaldo seria apontado como autor do crime por conta dos antecedentes criminais", pois já tinha passagem pela polícia por tentar matar a mulher.
O delegado afirma que as diligências e a reprodução simulada ajudaram a esclarecer que o servente de pedreiro cometeu o crime sozinho. Por isso, foi indiciado pelos crimes de homicídio qualificado e ocultação de cadáver.
"Hian contou que a madeira usada estava na casa do pastor em que ele morava. Achamos estranho. Encontramos a vara e, após isso, colhemos novos depoimentos. Ele, então, afirmou que não teria a participação do padrasto", disse Braga.
A perícia feita no corpo e no local que Danilo foi encontrado apontou que Danilo foi asfixiado em lama, como explicou o gerente do Instituto Médico Legal (IML) de Goiânia, o médico legista Mário Eduardo Cruz. Segundo ele, o corpo do menino estava no local há alguns dias - entre sete e dez.
"A causa da morte a gente consegue precisar. Durante a necrópsia, nós encontramos presença de lama tanto na cavidade oral como na traqueia. Isso configura a mudança do meio respirável, então, asfixia por afogamento", explicou.
O titular da DIH descartou que o menino sofreu abuso sexual. "Houve um golpe com a vara na região das nádegas. Ele relatou que, após sufocamento, teria usado a vara para verificar se o menino estaria morto. Está descartado a suspeita de crime sexual. Tinha uma lesão na região, causada posteriormente por algum bicho. Um urubu", esclarece Braga.