Policiais dizem que foram recebidos a tiros, mas familiares e moradores da região contestam a versão
A PM informou que afastou os militares envolvidos na ação que teve quase 60 tiros e terminou com quatro homens mortos na região de Cavalcante. (Foto: divulgação/Polícia Civil)
A Polícia Militar (PM) informou que afastou os militares envolvidos em uma ação que teve quase 60 tiros e terminou com quatro homens mortos na região de Cavalcante. O caso ocorreu no último dia 20 de janeiro e os policiais alegam que os mortos eram suspeitos de tráfico de drogas e foram atingidos durante confronto. Moradores e familiares, no entanto, contestam a versão e dizem que houve chacina.
Em nota enviada ao Mais Goiás na manhã desta terça-feira (25), a corporação afirmou que, assim que tomou conhecimento do fato, determinou a instauração de um inquérito policial militar e o imediato afastamento de todos os policiais envolvidos no ocorrido das atividades operacionais.
“A Polícia Militar não coaduna com desvio de conduta, esclarece que todas as providências cabíveis estão sendo tomadas e que o caso será apurado com o rigor devido”, diz trecho.
Os mortos na operação foram Ozanir Batista da Silva, de 46 anos, conhecido como Niro ou Jacaré; Chico Kalunga, que não teve o nome completo divulgado; Salviano Souza Conceição, de 63 anos, e Alan Pereira Soares, de 27. Segundo a Polícia Civil, nenhum deles tinha passagem criminal.
Segundo o boletim de ocorrência da PM, seis militares receberam denúncia anônima para verificar a existência da plantação de maconha em Cavalcante. Por ser uma região de difícil acesso, os policiais tiveram que ir a pé até o local relatado pela denúncia.
Ainda de acordo com o documento, os policiais encontraram “uma grande quantidade de pés de maconha”. Ao chegar no local, os agentes encontraram sete pessoas. Conforme o relato, ao ser dada voz de prisão, os suspeitos teriam atirado contra os policiais, que revidaram. A polícia afirma que quatro suspeitos foram baleados e três fugiram por uma mata.
O local era de difícil acesso e sem sinal de celular. Os policiais, então, pegaram os feridos, levaram para a viatura e transportaram para o Hospital Municipal de Colinas do Sul, a 35 quilômetros da chácara. O médico do local apenas constatou os óbitos.
A polícia destaca ainda que foram apreendidas cinco armas de fogos com os suspeitos. No local, segundo o boletim, haveria 2 mil pés de maconha. Porém, esse número foi corrigido mais tarde para uma quantia entre 500 e 600 pés do entorpecente na área. Toda a droga foi incinerada no local, conforme prevê a lei.
Os militares também afirmaram que foram apreendidos uma balança de precisão, pequena quantidade de maconha prensada e pronta para venda em tabletes. Além de sementes, folhas secas, prensa manual e munições.
Moradores e familiares do mortos contestaram a versão da PM e disseram que o caso trata-se de uma chacina.
Bruna Batista da Silva, de 24 anos, é sobrinha de Ozanir e conta que o tio era uma pessoa tranquila e se preparava para fazer uma plantação numa área próxima ao local onde aconteceu o suposto confronto.
“Meu tio se preparava para fazer uma pequena rocinha para ele e estava indo plantar milho. Ele morava em um espaço aberto. Era uma pessoa simples e trabalhava fazendo servicinhos na região, além de contar com a ajuda dos outros”, destaca.
“Toda a comunidade está em choque. Não deram chance para eles se defenderem. Independentemente se teve algum erro, eles não podem chegar e já ir matando alguém. O meu tio não tinha antecedentes criminais. A gente não quer deixar isso impune”, relata.
O caso segue sob investigação.