Professor alerta que cidades que tomaram decisões parecidas tiveram que recuar em função do aumento do número de casos
Pesquisa revela que boa parte da população quer volta do comércio; professor alerta dos riscos (Foto: Reprodução)
Pesquisa encomendada pela Federação do Comércio do Estado de Goiás (Fecomércio) mostra que 72,5% dos entrevistados são contra o fechamento total do comércio, o conhecido lockdown. Ainda nessa linha, 26,2% se mostraram a favor de todas as lojas fechadas e 1,3% não souberam ou não opinaram sobre o assunto.
Ainda de acordo como levantamento, foi questionado sobre a abertura total do comércio. 58,7% se disseram a favor, 40,3% se posicionaram contra e 1% não souberam ou não opinaram sobre afirmação. Além disso, pesquisa pontuou sobre o escalonamento do comércio em Goiânia: 62% se posicionaram a favor e 35% se disseram contra. 3% não souberam ou não opinaram sobre o assunto.
Sobre a utilização da máscara, 75,5% disseram que acredita que o objeto traz proteção contra a doença e 22% não acredita que a utilização da mesma traz proteção e 2% não souberam responder. Sobre o comportamento na flexibilização de algumas atividades, a pesquisa mostrou que 44,7% dos entrevistas mostraram que não mantiveram o isolamento e que 36,8% mantiveram em quarentena. 17,3% pontuaram que nunca tiveram em isolamento e 1,2% não souberam responder.
A pesquisa ouviu 600 goianienses, entre os dias 13 a 15 de junho, e levou em consideração o sexo, faixa etária e grau de instrução. O índice de confiança é de 95%.
Marcelo Baiocchi, presidente da entidade, destaca que a pesquisa é importante para basear as decisões políticas sobre a volta do comércio. “Chega de ouvir a opinião de pessoas que só repetem o clichê de ficar em casa, de parar tudo, do isolamento. Isso é um mantra que vem sendo repetido e que está acabando com a economia goiana”, pontua.
Além disso, Marcelo destaca que a volta dos comércios não fará as pessoas irem às ruas, pois elas já estão. Além disso, destaca que os comerciantes estão prontos para cumprir com as medidas sanitárias, além de ajudar a fiscalizar. “Com o comércio do gente que tá, o isolamento está em 34%. E isso porque as escolas estão fechadas e muita gente está nas ruas. Precisamos que haja fiscalização com mais frequência e, com o comércio aberto, o comerciante vai realizar a sua exigência e ajudar na fiscalização”, pontua.
De acordo com o professor da Universidade Federal de Goiás (UFG), José Alexandre Diniz Filho, destaca que a ideia de falar de flexibilização é válida quando a epidemia está sob controle e começar a diminuir o número de casos. “A gente entrou na quarentena cedo, mas não foi bem feito. As condições políticas no Brasil e também sabíamos que não era possível manter a quarentena não seja tão prolongada. Mas sabemos que as cidades que abriram todos os comércios de uma só vez tiveram que recuar pelo aumento de número de casos”, destaca.
O professor conta que a questão não é ser a favor ou contra a volta de todo o comércio, mas que há um problema de saúde pública e epidemiológico acontecendo. “É uma doença lenta desde o avanço dos sintomas até o diagnóstico. Agora é preciso segurar o número de transmissões, mas só podemos avaliar os impactos após 20 a 25 dias”, ressalta.
Ele conta que na próxima semana a universidade fará um estudo para saber como será o cenário por causa dessa flexibilização. Mas já adiante que a curva da doença em Goiás ainda está em aumento no estado e que as mortes que foram comprovadas essa semana não são de semanas anteriores. “Temos que aguardar. Temos que torcer que essas medidas surtam efeitos.”, finaliza.