O imbróglio interminável envolvendo a Enel Goiás e o seu controverso serviço de energia no estado foi tema de debate em uma audiência presidida pelo senador Luiz do Carmo.
O imbróglio interminável envolvendo a Enel Goiás e o seu controverso serviço de energia no estado foi tema de debate no Senado Federal, na última quarta-feira. A “novela” da distribuidora de energia foi a pauta de uma audiência pública, presidida pelo senador Luiz do Carmo (MDB), na Comissão de Infraestrutura da Casa, e teve participação do governador Ronaldo Caiado e representantes da Enel.
Os integrantes da mesa avaliaram os efeitos da privatização da Companhia de Distribuição do Estado de Goiás (Celg), três anos após a venda para a empresa italiana. Segundo o senador Luiz do Carmo, a Celg foi vendida “a despeito dos alertas que se viam à época de que o negócio seria danoso tanto aos cofres públicos quanto aos próprios consumidores de energia elétrica”.
Ainda de acordo com ele, apesar da promessa de que a empresa investiria até 2020 outros R$ 3 bilhões em tecnologia para melhorar a qualidade do serviço, isso não teria sido feito. Além de blecautes, segundo Luiz do Carmo, a tarifa de energia teve aumento de 27%, o que também não estaria previsto no acordo.
No requerimento da reunião, o senador informou que, só em 2019, 133 mil reclamações foram feitas, o que significa que “Goiás representa 14,4% de consumidores insatisfeitos ou prejudicados pela má prestação de serviços de distribuição de energia elétrica”. O representante do Procon na audiência, Allen Viana, confirmou que a insatisfação é grande, embora neste ano o índice de reclamações tenha melhorado um pouco.
Já o governador Ronaldo Caiado contestou os números de média de fornecimento da Enel e defendeu que “geralmente o entorno de Goiânia está bem servido, mas falta luz nos cantos menos povoados do estado”. Caiado acusou a empresa de não ter equipes suficientes para fazer manutenções, o que leva a quedas constantes de energia.
Caiado disse também não se importar propriamente com qual fornecedora prestará serviço em Goiás, desde que ela o faça com eficiência. “Não me interessa quem vai fornecer, a empresa que vai estar. O que me interessa é que ela tem de fornecer energia elétrica para não haver um ponto de bloqueio no crescimento do estado. Não podemos oscilar e ficar dependendo do deslocamento de equipes da empresa que estão em outros estados para ir restaurar a energia”, concluiu.
Enel Goiás se defende e diz que está cumprindo compromisso firmadoEm uma nota em que trata sobre a audiência realizada ontem no Senado, a Enel afirmou que aumentou “de forma significativa os investimentos” em Goiás, e que, além disso, “está cumprindo com o termo de compromisso firmado em agosto com o Governo do Estado, Aneel e Ministério de Minas e Energia”.
“A Enel Brasil informa que, desde que assumiu a distribuidora de energia de Goiás, em fevereiro de 2017, aumentou de forma significativa os investimentos no Estado. A empresa já investiu cerca de R$ 2,3 bilhões na rede elétrica de Goiás, 3,5 vezes mais do que os níveis históricos anteriores a privatização, e investirá mais R$ 3,2 bilhões nos próximos três anos, de 2020 a 2022.
Os investimentos já contribuíram com uma melhoria significativa dos indicadores de qualidade da companhia medidos pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que alcançaram os melhores níveis da história da distribuidora, e estão dentro das metas previstas no contrato de concessão. De fevereiro de 2017 a janeiro de 2020, a duração média das interrupções no fornecimento de energia por cliente (DEC) reduziu em cerca de 8 horas, uma melhora de 27%. Já o número médio de interrupções por cliente (FEC) registrou uma melhora de 45% neste mesmo período.
A Enel Distribuição Goiás reforça que está cumprindo com o termo de compromisso firmado em agosto com o Governo do Estado, Aneel e Ministério de Minas e Energia. A companhia tem prestado todos os esclarecimentos necessários às autoridades de forma periódica e continuará dedicando todos os esforços para garantir a melhora constante da qualidade do fornecimento de energia em todo o Estado de Goiás.”
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