Mais de 40 mulheres acusam Ricardo Paes Sandre por assédios moral e sexual, além de abuso de poder
Cerca de 40 mulheres denunciam o médico por abusos sexual, moral e de poder. MP precisou desmembrar a investigação (Foto: Áulus Rincon/Mais Goiás)
O Ministério Público de Goiás (MP-GO) protocolou esta semana uma denúncia de improbidade administrativa contra o médico Ricardo Paes Sandre, que foi afastado da Diretoria de Saúde do Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO) após servidoras denunciarem casos de assédio sexual, moral e ameaças. De maio do ano passado até agora, mais de 40 mulheres já procuraram o Ministério Público para relatar abusos supostamente praticados pelo médico.
De acordo com a promotora Fabiana Lemes Zamalloa do Prado, as ações que correm contra o médico foram desmembradas para dar mais celeridade ao julgamento. “Esta é apenas uma ação, baseada no depoimento de 10 mulheres, que afirmam ter criado o doutor Ricardo Sandre um ambiente hostil dentro do TJ, onde constrangia todas elas, hora com gracejos e abordagens com conotação sexual, outras para mostrar vídeos eróticos”, destacou.
Os assédios, ainda segundo a promotora, teriam começado em 2013, mas as vítimas só denunciaram no ano passado porque tinham muito medo do médico, que além de fazer questão de exibir que andava armado, é genro do Presidente do Tribunal de Justiça de Goiás, desembargador Gilberto Marques Filho. “Segundo as vítimas declaradas, sempre que cogitavam denunciar os casos, alguém de dentro do TJ chegava e falava que elas pensassem bem, pois o doutor Ricardo era muito poderoso. Além disso ele fazia questão de mostrar em reuniões fechadas que estava armado e que sabia manusear a pistola, mas o fato que mais nos chamou a atenção foi que, após as primeiras denúncias, apareceram outras mulheres, que sequer se conheciam, mas relataram abordagens idênticas feitas por ele”, concluiu a promotora.
Apesar da suspeita de ter praticado crimes considerados graves, passíveis de prisão, o médico está sendo denunciado apenas na Vara Cível, uma vez que a Lei, reformulada no final do ano passado, previa apenas seis meses após o fato para que as vítimas registrassem as denúncias criminais, prazo esse que já prescreveu. Caso seja condenado por improbidade administrativa, Ricardo Sandre pode perder a função efetiva, ser obrigado a pagar multa, e sofrer outras sanções, como o impedimento de ocupar cargo público.