Atualmente, existem apenas nove exemplares do equipamento no Brasil e somente um em Goiás
Atualmente, existem apenas nove exemplares do equipamento no Brasil e somente um em todo o Centro-Oeste (Foto: Arquivo pessoal)
Um ano após o acidente em Quirinópolis que o deixou tetraplégico, o operador de máquinas Leonardo Rangel, de 29 anos, teve suas esperanças renovadas de voltar a andar. O goiano foi convidado para participar de um tratamento inédito em Goiás, e que usa um equipamento importado da Suíça cujo valor chega a R$ 2 milhões. O aparelho, considerado tecnologia de ponta, imita a caminhada humana com alta precisão ao ser acoplado no paciente que perdeu a mobilidade.
À reportagem, o fisioterapeuta e especialista em neurologia, Thiago Ribeiro, explicou o caráter revolucionário que o novo equipamento tem para pacientes que perderam os movimentos, como Leonardo. Trata-se de uma Lokomat, um exoesqueleto robótico da marca Hocoma capaz de imitar com exatidão a caminhada humana e gerar gráficos que medem e revelam a força ainda existente nos músculos do paciente.
Após a repercussão do caso de Leonardo, Ribeiro entrou em contato com ele e ofereceu uma série de sessões no equipamento para ajudá-lo na recuperação. Segundo o fisioterapeuta, as expectativas são animadoras. “Hoje, tem chance de 50% de ter uma melhora. A gente já nota que, com o equipamento, o Leonardo consegue ter uma contração muscular na fase de apoio, que é quando o paciente tem o contato do membro no solo”, diz.
Tratamento inédito em Goiás
De acordo com o Thiago Ribeiro, que possui uma clínica em Goiânia, existem apenas nove exemplares da Lokomat no Brasil: quatro na Rede de Reabilitação Lucy Montoro, de São Paulo; três na AACD; um num hospital de Barretos e um em sua clínica, na capital goiana – o único aparelho de Goiás. Ribeiro conta que um paciente tetraplégico queria comprar o aparelho sozinho, foi quando ele se ofereceu para ajudá-lo na compra e, assim, também disponibilizar o aparelho à sociedade. O valor: R$ 2 milhões.
“É um aparelho que veio de Zurique, na Suíça. É o que temos de melhor na tecnologia para o treino locomotor da marcha humana. Ele imita a locomoção e trabalha a melhor biomecânica do paciente”, descreve Ribeiro. A Lokomat chegou em Goiânia em novembro do ano passado. Ela gera gráficos lineares que mostram se, de fato, o paciente faz esforço a cada passo induzido pela máquina. “Ele consegue fazer a força no momento certo, nos grupos musculares certos”.
Em 2020, a Agir, OS que administra o Centro Estadual de Reabilitação e Readaptação Dr Henrique Santillo (Crer), em Goiás, chegou a anunciar a intenção de adquirir um exemplar do exoesqueleto. No entanto, a compra ainda não foi realizada.
Goiano com esperanças renovadas
O acidente que deixou Leonardo tetraplégico aconteceu na madrugada do dia 1º de janeiro de 2021, na festa de réveillon. Ao pular na piscina, o goiano bateu a cabeça no fundo e lesionou a cervical, o que tirou todos os seus movimentos do pescoço para baixo.
Hoje, o jovem, que é casado e pai de dois filhos, já consegue mover o tronco e os braços, além de ter um pouco de mobilidade nas mãos. No entanto, seu sonho é voltar a andar – sonho esse que ele renovou as esperanças em alcançar. “Depois que teve repercussão do meu caso, a reportagem com vocês, o doutor Thiago, que comprou essa máquina juntamente com outra pessoa que também é tetraplégica, entrou em contato comigo e me deu um teste nela”, relata Leonardo, que já está fazendo as sessões.
“Minhas esperanças aumentaram muito. O aparelho faz a leitura de pequenas contrações e manda para o computador, e eu vi que tenho um pouquinho. O aparelho vai fazer fortalecer cada vez mais”, conclui.