Contrapondo a alegação do médico, delegada ressaltou que as duas vítimas não se conheciam. Vídeo mostra agressão e homem que bateu no médico dizendo que ele era 'abusador de mulher'
Médico Fábio Guilherme da Silveira Campos, ginecologista preso suspeito de crimes sexuais em Goiânia, Goiás — Foto: Divulgação/Polícia Civil
O ginecologista Fábio Guilherme da Silveira Campos, de 73 anos, preso em Goiânia após denúncias de crimes sexuais, foi investigado pelo Conselho Regional de Medicina (CRM) em 1994 pelos mesmos crimes. Segundo a delegada Amanda Menuci, duas mulheres denunciaram na época.
A reportagem não conseguiu contato com a defesa do médico até a última atualização desta reportagem.
Segundo a delegada, durante as acusações em 1994, o médico alegou que as duas mulheres "armaram" para ele. No entanto, a delegada ressaltou que as duas não se conheciam. Na época, Fábio foi absolvido das acusações pelo CRM e o caso não chegou até a polícia.
A reportagem questionou o Conselho Regional de Medicina de Goiás (Cremego) sobre a absolvição das acusações feitas em 1994, mas não houve retorno até a última atualização desta reportagem.
No fim do mês passado, Fábio levou um soco do marido de uma paciente que o denunciou por crime sexual. Após a repercussão do caso, uma mulher entrou em contato com a Polícia Civil para denunciar que foi vítima do médico em 2014.
A vítima disse à polícia que o médico pressionou o corpo dela contra as partes íntimas dele. O ginecologista foi preso na manhã de quinta-feira (20), na casa dele localizada no Setor Jardim América.
"No caso de 2014, ela estava na posição ginecológica, ele puxou o corpo dela no sentido do seu e pressionou o órgão genital dele contra o dela. Isso causou um estranhamento, ela já o afastou e encerrou a consulta", explicou a delegada.
“Enquanto ela estava se vestindo, ele afastava a cadeira dele da consulta para observá-la vestindo a roupa”, completou a delegada.
Segundo a delegada, o médico tocou os seios e pressionou pacientes contra as partes íntimas, segundo a polícia.
"Ele tocava os seios, pegava a mão delas e colocava no órgão genital dele. Em uma das vezes, ele pediu para a mulher fechar os olhos, pensar em coisas boas e até ejaculou na barriga de uma delas", relatou a delegada.
Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Goiânia declarou que o médico está há 9 anos no Ciams Novo Horizonte e que não tem “conhecimento de nenhum ato que o desabone”, mas que vai apurar os fatos.
No vídeo, o homem com um registro de ocorrência contra o médico, o sacode na frente da câmera do celular, entra no consultório, confirma se é o mesmo ginecologista e o agride com um soco no rosto, enquanto o chama de “abusador”.
Após a agressão, o médico demonstra confusão e chega a pedir para o homem contar o motivo do soco. À TV Anhanguera, na época, o profissional negou ter abusado da mulher e que só fez o exame do toque, já que a mulher está em seu oitavo mês de gestação.
O homem chegou a deixar o local, mas foi localizado pela GCM logo depois. Ele, seu tio e sua companheira, assim como o médico, foram levados para a Central de Flagrantes. O médico também passou pelo o Instituto Médico Legal (IML), onde passou por exame de corpo de delito devido à agressão sofrida.
Segundo a polícia, as vítimas tinham 15, 16, 21 e 32 anos nas datas dos crimes. A delegada explicou que uma das mulheres que denunciou o abuso ao CRM em 1994 é testemunha nas investigações atuais. Ao todo, cinco mulheres foram identificadas, das quais duas denunciaram formalmente e uma é testemunha, visto que o caso está prescrito.