Operação do MP de Goiás constatou que o ex-deputado distrital teria participado de um esquema fraudulento que desviou recursos públicos para a realização de espetáculos musicais na cidade
João de Deus teria usado pelo menos R$ 500 mil da prefeitura para bancar shows em Água Fria de Goiás, disse o MPGO (foto: Edilson Rodrigues/CB/D.A Press)
Nesta quarta-feira (20/2), o Ministério Público de Goiás (MPGO) deflagrou uma operação que apura desvios de recursos públicos da Prefeitura Municipal de Água Fria de Goiás, cidade a aproximadamente 150km do centro de Brasília. A fraude teria ocorrido durante a gestão do ex-prefeito João de Deus Silva Carvalho, que já foi deputado no Distrito Federal. De acordo com os promotores à frente do caso, entre 2013 e 2014, o político teria usado pelo menos R$ 500 mil da prefeitura para bancar a realização de espetáculos musicais no município. João de Deus está preso.
Expulso da Polícia Militar do DF por conta de sua mobilização em defesa de reivindicações da categoria, João de Deus foi deputado durante duas legislaturas e atuou como presidente da CPI da Grilagem na Câmara Legislativa, em 1995.
Intitulada Show de Horrores, a operação ainda prendeu o vereador Roberto Márcio Morais de Castro, atual presidente da Câmara Municipal de Água Fria de Goiás. Servidores públicos e empresários suspeitos de integrarem o esquema também estão detidos. Com o apoio das polícias Civil e Militar do estado goiano, além da ajuda do Centro de Inteligência do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), foram cumpridos nove mandados de prisão e dez de busca e apreensão.
Em fevereiro do ano passado, João de Deus já havia sido alvo de invetigação do MPGO também por suspeita de desvio de recursos da Prefeitura Municipal, em 2015. Segundo as investigações, a Secretaria de Finanças de Água Fria estava sendo utilizada pelos ex-secretários da pasta para a prática de fraudes. Eles emitiam cheques em nome de um servidor, sem o seu conhecimento, com recursos do município. Os documentos fraudados eram expedidos com a assinatura e ciência do ex-prefeito e a fraude contava com o auxílio de um contador, de acordo com o MPGO.
João de Deus, dois ex-secretários de Finanças e um contador do município ficaram presos de forma temporária naquela época. A suspeita é a de que a quadrilha forjava contratos de prestação de serviços e emitia cheques com base nos valores dos contratos, utilizando, para isso, um servidor da prefeitura como "laranja", o que possibilitava que os valores obtidos com a compensação dos cheques fossem apropriados por eles.
Depois de dois mandatos consecutivos como prefeito de Água Fria, João de Deus voltou para Brasília em 2017, quando reassumiu a presidência da Associação dos Praças da Polícia Militar do DF. Nas eleições do ano passado, concorreu ao cargo de deputado distrital pelo Partido da República (PR), tendo recebido 3.384 votos — foi o 97º candidato mais votado.
Fonte: Augusto Fernandes | Correio Brasiliense