O recurso foi anunciado junto com medidas restritivas para combate à pandemia no estado. Juro zero será aplicado a micro e pequenos empreendedores, além de MEIs e autônomos.
Aparecida adota isolamento por escalonamento para conter transmissão de Covid (Foto: Jucimar de Sousa / Mais Goiás)
O Governo de Goiás anunciou, na manhã desta terça-feira (16), a liberação de R$ 112 milhões para empréstimos a juro 0% para micro e pequenos empresários, desde que não demitam funcionários. O recurso atenderá também microempreendedores individuais (MEIs) e autônomos. As linhas de crédito serão operacionalizadas pela Agência de Fomento de Goiás (GoiásFomento), com opções de R$ 5 mil e até R$ 50 mil, com carência de seis meses e até 36 meses para pagamento.
Além das linhas de crédito, a GoiásFomento promoverá a prorrogação dos prazos de carência em seis meses para as empresas que se comprometerem a não demitir funcionários. Durante esse período os juros também serão subsidiados pelo governo. As empresas que já estão amortizando os empréstimos também poderão contar com este benefício.
Donos de bares, restaurantes, hotéis, pousadas, agências de viagens e outras empresas do setor do turismo poderão contratar até R$ 50 mil com taxa de juros 100% subsidiada pelo Estado. O prazo é de 36 meses para pagamento, com seis meses de carência. Microempresas dos demais setores poderão contratar até R$ 21 mil, com taxa de juros 100% subsidiada pelo Estado, com igual prazo de carência e pagamento. Em ambas as situações, a contrapartida exigida pelo Governo de Goiás é que os empresários não demitam os funcionários.
Microempreendedores Individuais (MEIs) e trabalhadores autônomos poderão contratar até R$ 5 mil, com taxa de juros 100% subsidiada pelo Estado, com seis meses de carência e 24 meses para pagamento.
Entre as medidas econômicas apresentadas, está a suspensão de cortes de água para a população em vulnerabilidade. O acordo dá a garantia da Saneago de que não haverá corte do fornecimento de água a quem atrasar o pagamento das contas.
O governo também deve distribuir 250 mil cestas básicas para famílias em situação de vulnerabilidade social, que serão adquiridas pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (Seds). Haverá, ainda, entrega de 200 mil máscaras N 95 aos usuários do transporte coletivo da região Metropolitana de Goiânia e aumento no número de refeições servidas pelo Restaurante do Bem nas 13 unidades do Estado.
O pacote foi publicado junto com medidas restritivas para combate à pandemia no estado. O governador Ronaldo Caiado (DEM) anunciou a publicação de novo decreto em que retorna com o isolamento intermitente por 14 dias em Goiás. Com isso, as atividades consideradas não essenciais ficarão fechadas em todo o estado por 14 dias e serão reabertas pelo mesmo período e assim sucessivamente.
No ano passado, o modelo foi adotado a partir de sugestão de estudo realizado pela Universidade Federal de Goiás que previa o agravamento da situação da pandemia no estado. Na ocasião, estudiosos da instituição elaboraram o modelo de 14 dias de fechamento seguidos por 14 dias de abertura das atividades econômica.
O governador Ronaldo Caiado (DEM), lembrou que há um ano tomou medidas de isolamento social para adequação do estado de Goiás para enfrentar a pandemia de covid-19, que possui um “poder devastador”. Mas que graças ao isolamento pelo menos 3,4 mil pessoas no estado não morressem naquele período. Foi preciso ampliar leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para 856. O total geral de leitos subiu para 3.228 leitos no total, somando-se enfermaria e UTI.
“No pior momento não atingimos o número de casos confirmados que temos hoje. Estamos em uma curva ascendente. O gráfico mostra que a nova cepa gera casos exponenciais, sem gradação. Lembro que estudiosos da UFG falaram que teríamos 8 mil mortos e fomos ridicularizados. Hoje estamos com 10 mil mortos”, salientamos.
Caiado ressaltou que a variante P.1, britânica, já foi identificada em Luziânia e no Entorno do Distrito Federal. “Ela não entrou pelo Entorno, mas pelo Aeroporto Internacional de Brasília”, diz. O governador salientou que as novas cepas atingem sobretudo os mais jovens, com agravamento do processo, com internações quase imediatas em leitos de UTI, com mortalidade de 50% quando intubados.
O procurador-geral de Justiça de Goiás, Aylton Vechi, afirma que este é um momento difícil, mas de decisão. “Precisamos da consciência e responsabilidade de todos para que consigamos sair deste momento”.
O procurador do município de Goiânia, Antônio Flávio de Oliveira, apontou que a situação da pandemia é catastrófica. Ele afirmou que é preciso pedir para que as pessoas deixem de ir às ruas, mas revelou que está sendo atacado por isso. “Vemos o tempo todo gente que não quer ver a realidade, que não respeita o momento. Pior que a dor econômica é a dor da falta de alguém. Vamos todos observar essas regras. A crise é gravíssima”, disse entre lágrimas.
O presidente da Assembleia Legislativa de Goiás, Lissauer Vieira (PSB), disse que “precisamos ter a consciência de que vivemos um momento excepcional e que temos um governo que está disposto a enfrentar os problemas e que valorize a vida”.