Desempenho é atribuído pela Aneel à Equatorial, que assumiu em 29 de dezembro serviços antes prestados pela Enel; sistema é considerado ‘crítico'
CEO da Equatorial, Augusto Miranda, e o presidente em Goiás, Lener Jayme: resultado ruim foi "herdado" (Wildes Barbosa)
Entre 29 concessionárias de grande porte no Brasil, com número de unidades consumidoras maior que 400 mil, a responsável pela distribuição de energia em Goiás foi a 27ª no ano passado, conforme resultados do desempenho das distribuidoras na continuidade do fornecimento de energia elétrica em 2022 divulgados nesta quarta-feira (29) pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica). Duas concessionárias de grande porte da Equatorial ficaram entre as últimas colocadas no desempenho por distribuidora e ranking da continuidade divulgados pela Aneel: em 28º Equatorial MA (Maranhão) e em 29º a Equatorial CEEE (Rio Grande do Sul). Em Goiás, o desempenho foi atribuído pela Aneel também à Equatorial, a qual, porém, assumiu a prestação de serviços no dia 29 de dezembro de 2022.
Todo o processo só foi concluído em 23 de fevereiro deste ano, com assinatura do documento de transferência do controle societário da italiana Enel Distribuição Goiás para a Equatorial Participações e Investimentos S.A. Fato ressaltado por Lener Silva Jayme, presidente da Equatorial Goiás, ao comentar os resultados divulgados pela Aneel. “Até dezembro de 2022 era outra distribuidora (a Enel), que não vai responder pelo resultado mais. E esse resultado ruim vai permanecer por muito tempo, ninguém faz milagre, a rede é muito ruim”, resume Lener.
Tanto que, lembra ele, a própria Aneel concedeu um ano de fiscalização orientativa, ou seja, sem risco de multas em 2023, e a Equatorial Goiás não poderá perder a concessão por três anos. “O que melhora é a percepção do cliente por conta da qualidade de atendimento e não por melhorias na rede”, diz ainda Lener. Ele cita que em janeiro e fevereiro de 2023 houve queda de 31,44% no número de reclamações feitas pelos usuários relativas aos serviços de energia elétrica em Goiás na comparação com o mesmo período do ano passado.
Foram 1.103 nos primeiros dois meses deste ano e 1.609 em igual período de 2022, segundo relatório da Ouvidoria Setorial da Agência Goiana de Regulação (AGR). Em entrevista ao POPULAR (6/1), Lener definiu como “crítico” o sistema de distribuição de energia elétrica em Goiás, com 44% dos transformadores sobrecarregados e mais de 72% das extensões das redes de baixa tensão (equipamento considerado pouco eficiente).
Em resposta ao jornal sobre os resultados da distribuição de energia em Goiás em 2022, a Aneel informou que os consumidores ficaram 15,66 horas em média sem energia (DEC - Duração Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora) e que a frequência das interrupções (FEC - Frequência Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora) foi de 7,83 interrupções no ano. O recomendado pela agência à Equatorial Goiás são 12,11 horas (DEC) e 8,56 interrupções (FEC).
Em relação ao prazo para que sejam alcançados os resultados recomendados, a Aneel confirma que, “como houve a transferência do controle societário da empresa recentemente, foi estabelecido o prazo até 2026 para que a distribuidora alcance os limites regulatórios”. Também em resposta a reportagem sobre os resultados da avaliação pela Aneel, a SecretariaGeral de Governo enviou nota: “O Governo de Goiás informa que monitora, fiscaliza e sempre cobra um serviço de excelência por parte de qualquer prestadora de serviços na distribuição de energia no estado, tanto que em levantamento realizado pela Agência Goiana de Regulação, houve queda de mais de 31% no número de reclamações em relação a serviços de energia em Goiás.
O compromisso da atual gestão é que o serviço atenda plenamente as necessidades dos mais de 7 milhões de goianos”. Melhores serviços Entre as distribuidoras de energia com número de unidades consumidoras maior que 400 mil, a melhor avaliada pela Aneel em 2022 foi a Companhia Jaguari de Energia (CPFL Santa Cruz, SP), seguida pela Companhia Energética do Rio Grande do Norte (Cosern, RN) em segundo e pela Energisa Tocantins (ETO, TO) em terceiro. A Aneel avaliou ainda concessionárias de menor porte, com o número de unidades consumidoras menor ou igual a 400 mil. No País, a agência informa que a qualidade dos serviços de distribuição de energia elétrica alcançou em 2022 o melhor resultado da série histórica acompanhada desde 2000, conforme apontam os indicadores DEC e FEC apurados.
Ambos registraram seus menores valores em 2022, ficando abaixo dos limites definidos pela Aneel. Ao longo de 2022, o serviço de fornecimento de eletricidade permaneceu disponível por 99,88% do tempo, na média do Brasil. Os consumidores ficaram 10,93 horas em média sem energia (DEC) no ano, o que representa uma redução de 7,2% em relação a 2021, quando registrou-se 11,78 horas em média. A frequência (FEC) das interrupções se manteve em trajetória decrescente, reduzindo de 5,99 interrupções em 2021 para 5,37 interrupções em média por consumidor em 2022, o que significa uma melhora de 10,4% no período. Todos esses dados constam nos resultados de desempenho divulgados nesta quarta (29) pela Aneel.