Nos últimos dias os municípios de Simolândia e Flores registraram a maioria das ocorrências relacionadas às chuvas
Os danos causados pelo atual período chuvoso em Goiás atingiram, até o momento, quase 20 mil pessoas diretamente.
O balanço é da Defesa Civil estadual, que atualmente está focada no monitoramento de 14 municípios. Com o registro de áreas de alagamento, pontes danificadas e interdição de vias, prefeituras e o Estado atuam em ações conjuntas, já tendo sido distribuídos 3.264 cestas básicas, 218 colchões e 280 cobertores.
Nos últimos dias os municípios de Simolândia e Flores registraram a maioria das ocorrências relacionadas às chuvas.
O prefeito de Flores, Altran Avelar, decretou situação de emergência no município em decorrência dos danos provocados na região. Nesta sexta-feira (6) o governo federal reconheceu a situação de emergência da cidade, o que deve viabilizar o repasse de recursos emergenciais.
O tenente-coronel Marcos Monteiro, subcomandante do Comando de Operações de Defesa Civil estadual, diz que dos 14 municípios focados pelas equipes, quatro registram as situações mais preocupantes nos últimos dias: Flores de Goiás, Luziânia, Cavalcante e Simolândia.
Outros dez, porém, seguem sob alerta, já que receberam grandes volumes de chuvas nas últimas semanas e têm previsões de mais chuvas para os próximos dias. A lista de cidades inclui Goiânia (confira o quadro).
Em Cavalcante cerca mil pessoas seguem com dificuldade de deslocamento ou isoladas após a força da água levar uma ponte sobre o Rio das Almas, na região do Vão do Moleque.
Um trecho da GO-236, em Flores, segue interditado por riscos na região das obras da ponte sobre o Rio Macaquinhos.
O mesmo ocorre com a GO-132, entre Colinas do Sul e Niquelândia, interditada há uma semana após o deslizamento de um talude.
O gerente do Cimehgo, André Amorim, explica que as fortes chuvas de dezembro, que em vários municípios superaram a média histórica, aumentam o risco de ocorrências para as próximas chuvas. “Podemos olhar o solo como uma esponja.
Depois da grande quantidade de chuvas que tivemos, ele está totalmente encharcado. O solo tem um limite da absorção e a água começa a juntar, porque não tem como entrar dentro do solo.
Por conta disso, a gente começa a ter os transbordamentos de rios e córregos e alagamentos de ruas”, diz ao também ponderar que os problemas de drenagem urbana das cidades têm influência importante.
Os alertas para as próximas semanas seguem valendo, já que a previsão é de manutenção das chuvas em razão do corredor de umidade formado sobre parte significativa do território estadual.
“As chuvas estarão espalhadas, mas o destaque continua para a região centro-norte, de Goiânia para cima, pegando Cavalcante, Niquelândia e Simolândia. Esses municípios receberão chuvas, com alerta de tempestades e raios”, explica Amorim.
O trabalho de monitoramento e atendimento dos atingidos já estava sendo articulado pelo governo estadual desde o meio do ano passado. É o que explica Amorim, do Cimehgo.
“Temos o prognóstico desde julho sobre as chuvas para esta temporada”, diz ao considerar que as previsões colaboraram para a articulação de reações rápidas por parte do poder público.
As operações de atenção aos atingidos, segundo Monteiro, da Defesa Civil, estão sendo executadas em no máximo 24 horas.
São sete pontos de apoio: Flores, Formosa, Campos Belos, Teresina de Goiás, Uruaçu, Ceres e Posse. As bases ficam em quartéis do Corpo de Bombeiros. “São lugares estratégicos que estocamos cestas, colchões, e outras coisas para apoiarmos as pessoas”, explica o representante da Defesa Civil.
O subcomandante explica que para a distribuição de cestas e outros insumos estão sendo usados dados da Organização das Voluntárias de Goiás (OVG) e da Secretaria de Desenvolvimento Social (Seds).
“Eles têm dados ricos o suficiente para falar se uma pessoa tem necessidade de cesta, de colchão ou cobertor”, diz. No total, o governo informa que foram enviados 16 mil donativos, em lista que inclui filtros de água e frutas e verduras desidratadas.
Na quarta-feira (4), a Agência Goiana de Infraestrutura e Transportes (Goinfra) ampliou a força-tarefa presente em Flores de Goiás, dentro da Operação Nordeste Solidário. Mais 12 máquinas foram enviadas para reforçar o trabalho e restabelecer a trafegabilidade também em rodovias municipais.
Como a Prefeitura de Flores de Goiás decretou situação de emergência por 90 dias e solicitou o apoio do Estado, a agência pode realizar ações emergenciais nas vicinais não pavimentadas.
Nos trechos municipais afetados pelas tempestades, a Goinfra executa levantamento do nível da pista, construção de bueiros e retirada de atoleiros. Uma das vias será usada como rota alternativa à GO-236, para quem trafega entre Flores e Alvorada do Norte, enquanto a rodovia estadual passa por obras de recuperação e de construção de ponte.
O trabalho ainda foi direcionado à retomada da trafegabilidade da ponte sobre o Rio Piriri, também na GO-236, em trecho que liga Flores de Goiás, São João D’Aliança, distrito de Forte e Alto Paraíso.
A estrutura, que há uma semana estava cerca de 60 centímetros abaixo do nível da água, tem sido diuturnamente monitorada pelos técnicos da Goinfra. No momento, está liberada para o tráfego de veículos pequenos e leves, mas continua interditada para caminhões e transportes de cargas.