O brilhante Coronel Braúlio Flores, publicou hoje (13/07), em sua fan-page no facebook, uma magnífica crônica, que exemplifica bem as proporções, do que foi esta catástrofe para história brasileira.
Confira:
13 DE SETEMBRO DE 1987
Há 32 anos, acontecia o desastre com o Césio 137, em Goiânia.
Pavor, agonia e desolação tomavam conta de muitos dos meus vizinhos, familiares e amigos. Eu tinha 5 anos de idade.
Nós entrávamos em filas, pra saber se não tínhamos sido contaminados. Esperávamos mais notícias pela TV, explicações, orientações...
A gnt viajava e, quando passava por Brasília, atiravam pedras nos carros com placa de Goiânia. Quando íamos a Belo Horizonte, tínhamos que ficar mais tempo no ônibus, até que nos inspecionassem.
Tinha uma menina na TV. Ela parecia tão cheia de vida... e, depois, tão sofrida!
O tempo passou, mas a cicatriz está cá dentro do peito e dói muito em muita gente. A minha experiência eu transformei em conhecimento e em serviço, com a iluminação e as bênçãos de um tanto de anjos que D’us trouxe até mim, no mestrado na PUC e no Corpo de Bombeiros Militar.
Entender o que houve, transformar em protocolos para investigar, acolher quem sofreu mais, prevenir episódios parecidos, preparar para enfrentá-los tem sido a tônica da vida de muitas pessoas boas desse mundo. Gente que eu sou muito feliz por conhecer e poder ajudar.
Não dá pra esquecer nem deixar que se esqueça. Não tem texto que consiga elaborar a dor, o sofrimento e a incerteza que todo mundo sentiu... encarando um inimigo invisível, que fazia tão mal, de repente, de forma tão dolorida e implacável.
Obviamente, estudos foram feitos e protocolos operacionais aperfeiçoados. Mas, cada um no seu mundo, tinha q tirar um segundo pra saber o que faria se algo assim ocorresse: desde ficar quieto em casa, aguardando instruções oficiais, até enfrentar o agente nocivo, arriscando a vida pra tentar salvar outras.
Então, leia novamente a história do q ocorreu e pense: se fosse hoje, o q vc faria? O que sabe/conhece que poderia ajudar? Onde vc ofereceria a sua ajuda? Como vc poderia contribuir para não se transformar em vítima e não colaborar com uma possível instalação de pânico social?
A informação há de contribuir para fazer, de nós, uma comunidade mais resiliente.