Gusttavo Lima, Jorge e Mateus e Henrique e Juliano são algumas das atrações que já gravaram canções escritas por Fátima e Waleria Leão. Juntas, elas colecionam cerca de 5 mil composições
Quem nunca ouviu “Dormi a Praça” de Bruno e Marrone? Ou até “Muda de vida” e “A Ferro e Fogo” de Zezé Di Camargo e Luciano? Sim, esses sucessos foram compostos por duas mulheres, mãe e filha, Fátima e Waléria Leão que já tiveram suas composições gravadas pela maioria dos cantores ou duplas de destaques da música sertaneja dos últimos 40 anos.
Com certeza, em algum momento da sua vida, você ouviu uma música de autoria dessas duas. Elas que conheceram de perto todas as mudanças, modernizações e modismos do estilo desde a época em que ele era preterido nas rádios brasileiras.
“Quando comecei, sertanejo era música que as rádios tocavam de madrugada quando ninguém estava ouvindo”, relembra Fátima, de 66 anos.
Ela chegou ao estado de São Paulo, vinda de Goiânia, em 1985, para tentar se lançar como cantora. De lá para cá, registrou vários discos como intérpretes, inclusive um que ainda está em fase de produção.
Mas é nas composições que se tornou mais conhecida. Ao todo, são cerca de 2 mil canções com a assinatura dela. Entre elas, sucessos como “Muda de Vida” (Zezé Di Camargo e Luciano), “Peão de Rodeio” (Chitãozinho e Xororó) e “Dormi na Praça” (Bruno e Marrone).
A compositora tem músicas nas bocas de Gusttavo Lima (“Tá Faltando Eu”), Jorge e Mateus (“Passa Esse Modão”) e Zé Neto e Cristiano (“Você Só Me Faz Feliz”).
“Hoje tem muita gente boa. É claro que também tem gente que sobe no palco só para mostrar a roupa, para rebolar. Só que isso o tempo resolve ao peneirar os verdadeiros talentos”, diz Fátima, que detém um catálogo de 2 mil canções com sua assinatura.
Com história oposta à da mãe, Waléria, de 38 anos, chegou por acaso ao mundo da composição sertaneja. “Eu não sei cantar, nem tocar. Então nunca pensei em trabalhar com música”, inicia.
Foi em 2006 que a história começou a mudar. Com a experiência de compor “A Ferro e Fogo”, gravada por Zezé Di Camargo e Luciano, ela resolveu investir na carreira, já que enfrentava dificuldades financeiras por conta da perda do emprego e estava grávida do segundo filho.
“Peguei esse sucesso e saí correndo atrás de oportunidades. Não tenho vergonha de dizer que comecei por necessidade. Aí essa aventura começou a dar certo, fui fazendo meu nome”, relata.
Hoje ela trabalha diariamente debruçada em novas canções para o mercado sertanejo, geralmente com outros parceiros. No total, ela afirma ter assinado cerca de 3 mil músicas, muitas ainda engavetadas.
Ela também tem obras cantadas por Zé Neto e Cristiano (“Cadeira de Aço” e "Bebida na Ferida”), Jorge e Mateus (“Passa esse Modão”, que assina com a mãe), Henrique e Juliano (“Nada Nada”), Gusttavo Lima (“Quem Traiu Levou” e “Até Ontem”), Lauana Prado (“Você Mitou”) e Ícaro e Gilmar, que já gravaram dez composições de Waléria.
Em todo esse tempo de carreira, mãe e filha viram muitas coisas mudarem no mundo da música sertaneja. De patinho feio a sucesso popular, de trilha de rodeios a “verdadeira música pop brasileira do século 21”, como já foi definida pela edição brasileira da revista Rolling Stone.
Apesar de todas as mudanças, a essência da carreira de ambas segue intacta.
“O que está no centro de tudo é romantismo, isso nunca sai de moda”, destaca Fátima.
“Tenho músicas em vários estilos, mas mantenho a alma sentimental, que é o que conquista o brasileiro”, reforça Waléria.