Silvano José da Silva, 56 anos, é motorista há 30 anos e virou membro benemérito da Academia Inclusiva de Autores Brasilienses
Acostumado com a rotina do vai e vem do ônibus, Silvano José da Silva (foto em destaque) nunca imaginou que aos 56 anos ganharia um certificado que o tornaria membro benemérito da Academia Inclusiva de Autores Brasilienses. O motorista de ônibus da empresa Marechal foi indicado ao título por ser inclusivo com deficientes dentro do transporte público do Distrito Federal.
A rotina pesada de trabalho nunca impediu que Silvano deixasse de ser gentil com seus passageiros. Desde 2015, o rodoviário leva Noeme Rocha, 59, ao trabalho todos os dias. A mulher é deficiente visual e pega o ônibus no Riacho Fundo para ir até o centro de Taguatinga.
“Quando eu chegava na parada de ônibus da dona Noeme, eu descia para ajudá-la. Sabia que ela tinha dificuldades para chegar até o ônibus e queria poder facilitar essa rotina para ela. Sempre tive paciência com ela e nós criamos uma amizade muito bonita”, conta Silvano.
Noeme é professora de braile e vice-presidente da Academia Inclusiva de Autores Brasilienses. Encantada com a generosidade de Silvano, ela indicou o amigo para receber o certificado benemérito. Ao Metrópoles, ela contou que o rodoviário é fundamental para a inclusão de deficientes no transporte público.
“Além do dever de motorista, ele faz muito mais por nós. Silvano ajuda os deficientes e idosos e é uma pessoa muito inclusiva. Tenho muito orgulho de convidá-lo a fazer parte da academia e de ter um amigo com o coração tão bom”, finalizou a vice-presidente.
Emocionado, Silvano recebeu o certificado em 7 de dezembro, após o expediente. Ele, que foi motorista de ônibus a vida inteira, agora planeja começar a escrever junto com os colegas da academia.
“Eu nunca fui homenageado desse jeito. Foi uma emoção muito grande, nem consegui falar nada, só chorei. Falei para Noeme que não precisava disso tudo, mas ela insistiu. Agora, estou animado para poder fazer ainda mais como motorista e agora como parte da academia”, finaliza Silvano.
O morador do Recanto das Emas conta que quer deixar um legado de educação e gentileza para os filhos. O motorista é pai de dois homens de 28 e 30 anos. O mais velho também é motorista da Marechal e o mais novo é cobrador de ônibus.