Criança brincava em casa no momento do incidente. Caso ocorreu na quinta-feira (16) e, até esta segunda (20), família tentava atendimento médico para resolver problema
Uma menina de 2 anos foi parar no hospital após grudar o olho com cola, em Ceilândia, no Distrito Federal. A madrinha da criança, Lia Lucena, de 54 anos, contou que a menina pegou o tubo da cola de cima da mesa. Em seguida, ela tentou se limpar e acabou passando o produto no rosto, grudando o olho.
"Já colou o olho direito de imediato. Os dedos das mãos também ficaram todos grudados. Foi algo muito rápido", conta Lia.
O caso ocorreu na última quinta-feira (16), enquanto a criança brincava em casa.
Após o acidente doméstico, a mulher conta que levou a criança para hospitais públicos. No entanto, até esta segunda-feira (20), ela não havia conseguido atendimento para resolver o problema da menina.
Lia disse que assim que viu situação da menina, na tarde de quinta, entrou em contato com Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
"Foi um desespero muito grande. Nos informaram que esse tipo de ocorrência só era atendido no Hospital de Base".
Em seguida, a criança foi levada para a unidade de saúde. No entanto, a médica informou que "não tinha o que fazer".
"A orientação foi que a gente passasse refrigerante nos olhos e nas mãos dela e fizesse compressa com água morna. Passamos o produto nas mãos e os dedos descolaram, mas a gente não ia aplicar nos olhos. Não íamos arriscar causar um problema maior", contou Lia.
Na sexta-feira (17), elas procuraram o Hospital Regional da Asa Norte (Hran).
"O médico disse que estavam em esquema de plantão e que não poderia fazer nenhuma cirurgia, se fosse preciso. Ele entregou um encaminhamento para o Hospital de Base, novamente, mas o médico que nos atendeu se recusou a fazer qualquer tipo de cirurgia. Ele disse que seria muito invasivo e passou uma pomada para tirar a cola", disse Lia.
Em nota, o Instituto de Gestão Estratégia de Saúde do Distrito Federal (Iges-DF), à frente da gestão do Hospital de Base, confirmou que a criança foi atendida e que compressas mornas e aplicação de pomada foram receitadas para a menina. Segundo a entidade, ela ainda está sob avaliação na unidade.
O g1 entrou em contato com a Secretaria de Saúde e questionou sobre o atendimento prestado pelo Samu e Hran, mas não obteve resposta até a última atualização desta reportagem.
A madrinha contou que no sábado (18), a menina acordou com o olho inchado e vermelho.
"Fomos para um hospital particular com medo de uma infecção. O pediatra passou um antibiótico e também disse que não poderia fazer nada".
Na manhã desta segunda (20), a família procurou atendimento novamente no Hospital de Base. "Uma moça sugeriu amarrar a criança para cortar os cílios. Disse que não tinha sala desocupada para cirurgia, porque ela precisa ficar sedada", afirmou.
"Como vamos permitir amarrar a criança? E se fura o olho dela? Até onde vimos, a cola está dura nos cílios, parece ser um procedimento simples, mas estamos com medo e aguardando as próximas orientações. Estamos à mercê. É muito descaso e despreparo desse pessoal", diz Lia.
A oftalmologista Nubia Vanessa explicou que acidentes domésticos, como este, são causas de diversas ocorrências que aparecem nos prontos-socorros, especialmente com crianças.
"Primeiramente, os pais e responsáveis, devem guardar remédio, álcool, produto de limpeza, cola em geral, longe do alcance de crianças, pois isso pode provocar diversos problemas", alerta a médica.
A especialista recomenda que o paciente procure um pronto-socorro de oftalmologia o mais rápido possível para que o médico possa avaliar o tipo de lesão. A especialista ressalta que o tratamento e acompanhamento devem ser feitos de acordo com o que o médico detectar.
"Provavelmente, você terá que usar medicamento durante um certo período de tempo, às vezes um curativo para amenizar e curar a lesão. Isso tudo quem vai passar é o médico. Não tente passar colírio, pomada, sem que o oftalmologista veja e prescreva", orienta a médica.