Contrato para o tratamento entre o ICTDF e a Secretaria de Saúde acabou em abril. Transplantes e outros procedimentos também correm risco
Crianças correm o risco de não terem acesso à cirurgias cardíacas na rede pública do Distrito Federal. O contrato da Secretaria de Saúde com o Instituto de Cardiologia e Transplantes do DF (ICTDF) para a prestação do atendimento teve fim em 28 de abril. O fim do convênio também ameaça transplantes e outros procedimentos.
Segundo o defensor público Ramiro Sant’Ana, após denúncias da população, o DF conseguiu acabar com a longa fila de crianças à espera de cirurgias pediátricas. Mas, sem acordo vigente com o ICTDF, o problema pode voltar. “Se os procedimentos forem interrompidos, será uma calamidade”, alertou.
O ICTDF é o único centro multitransplantador na região Centro-Oeste. Foi responsável por 100% dos transplantes de coração e de fígado, 98% dos de medula óssea, mais da metade dos de rins e 22% dos de córnea no DF.
O programa cirúrgico da pediatria segue a demanda de encaminhamentos do Complexo Regulador e continua seus atendimentos normalmente dentro de capacidade instalada, capaz de fazer em média 15 procedimentos por mês.
Em 2021 foram feitas 170 cirurgias cardíacas pediátricas. De janeiro a maio deste ano, foram 60 procedimentos. No caso das cirurgias cardíacas para adultos, em 2021 foram 487. Do começo de 2022 até quinta-feira (9/6), foram 211.
No ano passado, foram realizados 1.743 cateterismos e 476 angioplastias entre adultos e pediátricos. De janeiro a maio deste ano, foram 678 cateterismos e 182 angioplastias.
Atualmente, o ICTDF soma 2020 transplantes realizados desde 2007. No ano passado foram 173 procedimentos e neste ano, até o momento, são 87.
O Metrópoles entrou em contato com a Secretaria de Saúde sobre o caso. Segundo a pasta, o contrato firmado com o ICTDF teve sua vigência encerrada após o prazo máximo previsto na lei de licitações. Para evitar a descontinuidade dos serviços, o governo está direcionando esforços para prestação direta dos atendimentos.
“Destacamos que está em fase final o processo de contratação regular para complementação dos serviços, tal medida tem o objetivo de manter a normalidade na prestação dos procedimentos cardiológicos demandados pela população do Distrito Federal, evitando, assim, a desassistência aos usuários pelo Sistema Único de Saúde”, completou a pasta.