Nas últimas semanas, pais denunciaram consumo diário de carne suína; carne bovina foi recolhida por excesso de gordura
Os estudantes do Distrito Federal enfrentam a falta de uma alimentação balanceada na merenda escolar nas duas últimas semanas. Segundo denúncias de pais e professores, as escolas estão ofertando apenas carne suína e há falta de insumos essenciais, como óleo e manteiga, e de variedade de frutas para sucos ou complementos dos pratos. Em algumas escolas, os pais tiveram de levar algo para os filhos beberem no café da manhã, porque o colégio não tinha opções de sucos para ofertar aos alunos. Além disso, alguns professores chegaram a se unir para comprar itens e não deixar falta alimento para os estudantes. A Secretaria de Saúde diz, no entanto, que não houve qualquer prejuízo no cardápio nutricional dos estudantes nesse período.
De acordo com levantamento feito pela RECORD, a Secretaria de Educação previa entregar até a primeira quinzena de maio apenas 27kg de acém moído em 11 escolas de Ceilândia, que atendem 7,4 mil alunos. Em contrapartida, as mesmas 11 unidades devem receber 3,5 mil kg de pernil suíno até 13 de maio.
As escolas de Ceilândia, no entanto, não são as únicas a enfrentar a falta de insumos para as refeições dos estudantes. Ao R7, uma mãe contou que as duas filhas, estudantes do ensino integral da Escola Classe 308, também lidam com a pouca variedade de alimentos. “A Escola Parque já tem mais de duas semanas que só tá fazendo carne de porco. No cardápio tem carne moída, mas eles não fizeram”, relatou.
O site da Secretaria de Educação disponibiliza um cardápio para que os pais acompanhem a alimentação das crianças. A mulher, contudo, diz que a pasta não segue o documento. “As escolas não têm seguido o que consta ali. E de acordo com eles é porque não é disponibilizado todos os insumos que eles precisam. Falta muita coisa. Na Escola Classe que elas estudam, mesmo faltando matéria-prima, eu noto que eles são mais cuidadosos tanto no armazenamento, quanto na criatividade das tias do lanche. Elas fazem de tudo para oferecer algo gostoso com o que tem disponível.“
Questionado nesta semana sobre o cenário enfrentado na rede de ensino, o governador do DF, Ibaneis Rocha, disse que entrou em contato com a secretária de Educação, Hélvia Paranaguá, cobrando uma solução rápida. “Ela disse que vai resolver isso de forma imediata. Agora, temos muitas escolas no DF, são quase 800, e o problema foi em quinze escolas, onde não houve a entrega da merenda. Mas ela [secretária de Educação], já está cobrando para ser resolvido da melhor forma possível”, disse Ibaneis.
O R7 também questionou a Secretaria de Educação sobre a previsão de entregas de mais de 3,5 mil Kg de carne de porco nos próximos dias nas escolas, enquanto menos de 27kg de carne bovina estão previstos. No entanto, até a publicação desta reportagem, a pasta não havia se posicionado. O espaço segue aberto.
A pasta havia informado em nota anterior, no entanto, que as entregas de itens como batata inglesa, banana nanica, alho, cebola e abacaxi, haviam sido restabelecidas e tinham entrega prevista para segunda-feira (8).
“Durante a semana de 1 a 5 de abril, houve substituição dos itens por hortifrutis da Agricultura Familiar (couve, limão, maracujá, cenoura, beterraba, pepino, inhame, abóbora e banana prata), que supriram devidamente o cardápio da semana, seguindo as orientações da Diretoria de Alimentação Escolar”, afirmou a secretaria.
A pasta acrescentou “que não houve qualquer prejuízo no cardápio nutricional dos estudantes, uma vez que durante esse período a merenda fornecida foi devidamente abastecida pelos produtos advindos da agricultura familiar”.
“A Secretaria assegura que está preparada para lidar com situações que possam ocorrer em relação à entrega dos alimentos, adotando todas as medidas necessárias para suprir eventuais problemas, sem que haja qualquer prejuízo nutricional aos estudantes. Atualmente, a Secretaria contabiliza cerca de 40 contratos com fornecedores de gêneros alimentícios perecíveis e não perecíveis, cujos valores podem variar de acordo com o tipo e as quantidades contratadas”, ressaltou a secretaria.
A pasta também disse que os gêneros perecíveis serão entregues semanalmente pelos próprios fornecedores, em quantidade suficiente para cinco dias de consumo.