Segundo o projeto Brasília é o Bicho, câmeras registraram uma fêmea monitorada desde 2015. Onça parda e seriema também foram vistas
Ambientalistas do projeto Brasília é o Bicho revelaram novas imagens de uma onça-pintada melânica, animal silvestre popularmente conhecido como onça-preta, perto do Distrito Federal. As câmeras também registraram uma onça parda.
Veja o vídeo:
Os biólogos colocaram as câmeras em Planaltina (GO), dentro Área de Proteção Ambiental (APA) do Planalto Central. As imagens foram feitas entre setembro e outubro de 2021, mas só foram recolhidas em maio de 2022.
Segundo o biólogo Fábio Hudson Souza Soares, as novas imagens são uma de onça-preta fêmea. Após comparar as imagens com o acervo do projeto, o grupo acredita se tratar da onça Planaltina, monitorada desde 2015.
“Inicialmente a gente chamou de Planaltina. Depois demos o nome de Araci, quando nos deparamos com ela em outra propriedade. Acreditávamos que era uma nova fêmea”, explicou.
Recentemente, os ambientalistas divulgaram cenas do Barranqueiro, um macho de onça-preta. De acordo com os membros do Brasília é um Bicho, Barranqueiro teria tido um filhote com Planaltina.
“Isso mostra que as onças estão vivendo ali. Mostra que o ambiente está permitindo a sobrevivência delas, que elas não estão sendo caçadas. Ao registrar o indivíduo, você tem informação sobre o ambiente”, afirmou.
Em outras palavras, as imagens revelam um ambiente com água, alimentos e abrigo para os animais. Para Fábio, as imagens reforçam a importância da preservação na área.
“Ela tem componentes importantes da biodiversidade, com animais raros, de topo de cadeia”, destacou. Apesar de ser uma área de proteção ambiental, a região também abriga propriedades agrícolas.
Segundo o biólogo, as imagens dos animais raros despertam o debate sobre a implantação de uma área de proteção integral. Entre o DF e a área com o registro das onças, há uma de desenvolvimento sustentável. Em caso de avanço dessas atividades, os felinos podem perder o corredor de acesso à capital brasileira.
De acordo com Fábio, as onças melânicas representam 9% apenas dos total de onças silvestres. “E a gente registrou uma família: macho, fêmea e filhote, todos pretos, perto da capital do país”, assinalou.
Além da onça-preta, as câmeras registraram Orelha Cortada, um macho de onça parda. O felino tem uma cicatriz em uma das orelhas. Ele é acompanhado desde 2017. “Mais um bom sinal”, resumiu.
A onça parda é uma espécie mais comum. Segundo Fábio, Orelha Cortada sobreviveu a incêndios, caçadores e disputas contra outros machos. “As pessoas não devem temer as onças. Não tem ninguém sendo morto por elas. Pelo contrário. Vemos mortes no trânsito, na cidade. As onças são sinais de qualidade do ambiente”, ponderou.
Os novos vídeos mostram imagens de uma seriema. Mesmo com o fogo se aproximando, a ave está preocupada em capturar bichos para se alimentar. As lentes também registraram o gado de proprietário da região. Segundo Fábio, o produtor permite o monitoramento e convive pacificamente com as onças.
O projeto Brasília é o Bicho não é uma ONG. O grupo trabalha com recursos próprios. Os biólogos promovem curso para angariar fundos. Quem quiser acompanhar ou apoiar pode acessar os perfis no Instagram, Facebook e Youtube.