Nos últimos três anos surgiram roteiros mais complexos para os filmes da produtora, como as paródias políticas. "Operação Leva Jato", por exemplo, foi lançado em 2016 e é um dos maiores sucessos recentes de audiência no site, com quase 210 mil visualizações.
A migração da indústria pornô dos DVDs para sites de streaming na internet permitiu novo entendimento dos consumidores de filmes de sexo explícito. A partir da análise dos mais diversos dados de acesso, como os títulos mais procurados e o tempo de visualização do filme, é possível saber o que (e quem) é mais visto.
“Na época do DVD, achávamos que o cara avançava direto até a cena do sexo. Agora, vemos pelos dados de acesso no site que a pessoa quer esse conteúdo, as falas, a história, com um gancho atual. A internet é bacana por isso, traz um feedback que nos guia”, explica Clayton Nunes, presidente-executivo da Brasileirinhas, um dos selos mais conhecidos da indústria pornô nacional.
Nos últimos três anos surgiram roteiros mais complexos para os filmes da produtora, como as paródias políticas. “Operação Leva Jato”, por exemplo, foi lançado em 2016 e é um dos maiores sucessos recentes de audiência no site, com quase 210 mil visualizações. Como comparação, Nunes explica que uma audiência acima dos 100 mil views já classifica uma produção como bem-sucedida.
Já o mais recente “Aqui Tudo Acaba em Pizza”, de 2018, mostra Kid Bengala como o presidente do Brasil que usa sexo para negociar com o Congresso Nacional e teve um pouco mais de 133 mil visualizações. O próximo na lista da produtora trará Kid Bengala como um juiz que verá informações comprometedoras vazadas, inspirado na série de reportagens do site The Intercept com supostos diálogos entre procuradores da Lava Jato e o então juiz Sérgio Moro. O nome provisório é “Operação Leva Jato 2”.
“A gente tenta sempre focar no que o público está assistindo mais. Recebemos respostas muito variadas dos nossos assinantes, alguns pedem filmes com mais história, outros reclamam que é um blá, blá, blá desnecessário”, diz Nunes. A saída? Apostar um pouco em tudo. “Todo mês, investimos em um filme com mais roteiro e outro com cenas de sexo mais hard core.”
Para Maurício Paletta, diretor do Grupo Playboy do Brasil, dono da marca Sexy Hot, os números de acesso do site também são determinantes na hora da escolha das próximas produções a serem feitas ou compradas. “A gente tem mais ou menos 200 filmes rodando nos canais lineares. Já no site estão todos os filmes do acervo. Quanto mais aquele filme tiver visualização e venda, mais obras faremos com histórias semelhantes e o mesmo casting”, explica.
Paletta faz a ressalva de que há as apostas seguras, temas que sempre vão bem na audiência. Entre eles qualquer coisa ligada a mulheres de bundas avantajadas, além das “milfs” (termo em inglês para mães gostosas) e fantasias do cotidiano, como sexo com colegas de trabalho.
O grupo investe pesado também no seu selo próprio, a Sexy Hot Produções, que conta com roteiros mais leves, em que o sexo explícito divide espaço com histórias mais bem contextualizadas. Atualmente, um dos três filmes novos da marca é feito pela casa.
A marca ajuda ainda com outro objetivo da empresa, tornar-se uma veiculadora de filmes 100% nacionais. “Hoje, menos de 20% do nosso acervo de filmes é internacional. Com nosso selo, até 2021 ou 2022 seremos totalmente nacionais”, conta Paletta. Afinal, diz ele, brasileiro gosta mesmo é do corpo da brasileira. “Sem aqueles seios exagerados de silicone ou lábios gigantescos.”