Theo Costa Ribeiro passou por uma bateria de testes para medir a superdotação e teve uma pontuação que o classifica como gênio
Uma criança alegre, carinhosa, que adora brincar com os amigos, fascinada por dinossauros e a saga de Harry Potter. Poderia ser a descrição de muitos brasileirinhos, mas são algumas das características do pequeno Theo Costa Ribeiro, de cinco anos, contadas pelos pais do garoto — Ygor Tazinaffo e Jessica Costa. Apesar da semelhança com outros da mesma idade, o menino tem uma peculiaridade importante: acaba de ser reconhecido como "gênio" ao ingressar em uma das mais importantes associações para pessoas com altas habilidades do mundo, a Mensa Internacional.
Depois de passar por seis dias de testes, o menino teve o Q.I. avaliado em 146 pontos, equivalente a 99,8 de percentil (ou seja, a pontuação dele é melhor que de 99,8% das pessoas). “Há quem considere o gênio uma pessoa criativa que descobre algo ou tem feitos relevantes. Mas dentro da cultura dos padrões de superdotação, gênio seria quem alcança pontuações acima de 144 pontos de QI, desvio padrão 15. Para ser mais exato e assertivo a nível mundial, acima de 99 de percentil”, detalha o neurocientista Fabiano de Abreu Agrela.
Agrela, que também é membro do Mensa, assessora os pais de Theo e outras famílias de crianças com alto rendimento. Agrela explica que a escolha de fazer ou não um teste assim depende muito do desempenho de cada criança. “O Theo tem 5 anos e conversa como um adolescente. Já crianças com menos de 3 anos eu ainda desconfio dos resultados. É bom entender a maturidade da criança e como ela se sentiria fazendo um teste de inteligência”, diferencia.
Para ele, testes assim são relevantes porque auxiliam os pais a conseguirem boas oportunidades para o futuro dos filhos, como bolsas de estudos, por exemplo, e estimulam o autoconhecimento dos indivíduos. “Muito mais que o QI, educar a criança formatando uma personalidade curiosa é primordial. Ao invés de dar o celular na mão da criança, passar mais tempo com ela ensinando e resolvendo as suas curiosidades”, orienta.
Para os pais de Theo, o filho era uma criança inteligente, mas eles não imaginavam que o desempenho do pequeno seria tão fora do comum. “Decidimos fazer os testes como resultado do relato da escola sobre o desempenho do Theo. Eles nos explicaram que ele, quase certamente, seria classificado como superdotado, e que isso requereria atenção especial da escola e dos professores, para garantir estímulo adequado”, conta a mãe, Jessica Costa.
Como o menino é o primeiro filho do casal e eles conviviam pouco com crianças da mesma idade, por causa da pandemia, os dois falaram que não conseguiam comparar o desenvolvimento de Theo com o de outras crianças. Por isso, a percepção de que ele estava acima da média só veio depois do aviso das professoras.
“Um resultado apontando uma alta inteligência ou uma superdotação talvez não tivesse mudado muito (as perspectivas dos pais sobre o futuro educacional de Theo), mas a classificação como gênio nos surpreendeu. Demonstra que ele exige um foco (dos pais e educadores) muito maior para suprir a curiosidade que ele tem sobre o mundo e também para ter a possibilidade de aprender sobre diversos temas, que é algo que ele adora fazer. Hoje ele faz aula de futebol e música, e tem adorado ambos”, comentaram os pais.
No Brasil, só é permitido que as crianças adiantem dois anos escolares, diferente de países como Estados Unidos, em que se tem notícia de crianças com 12 anos se formando em universidades. Apesar disso, os pais de Theo resolveram adiantá-lo apenas uma série. A decisão foi para preservar o desenvolvimento socioemocional do menino, que eles valorizam tanto quanto as habilidades de memória e raciocínio lógico.
“Queremos que ele seja uma pessoa íntegra e feliz. Essa é a nossa principal missão. Além disso, qualquer coisa que ele seja ou faça terá o nosso amor e apoio”, explica o casal sobre as expectativas para o futuro do filho.
Assim como os pais de Theo contaram com a ajuda da escola para entender que o menino tinha um desenvolvimento muito acima da média, outros pais podem precisar de dicas para notar a superdotação das crianças. Mais do que apresentar habilidades de maneira precoce, é preciso que as famílias comparem o desempenho dos pequenos.
“Quando percebemos que o desenvolvimento, a maturidade, está bem acima das demais crianças da mesma idade. Não necessariamente tem que aprender a andar e falar com menos de um ano. Por isso, acredito que tem que esperar ultrapassar os três anos de idade para observar”, diferencia Agrela.
Apesar de ser desejável, o neurocientista explica que os indivíduos com altas habilidades não são prejudicados caso as famílias não façam uma descoberta precoce. “Isso é uma lenda. Pode dar uma educação normal, pois pessoas de alto QI se redescobrem, se reinventam, analisam usando a região do cérebro da lógica, tomada de decisões, prevenção e atenção. Pode haver um desestímulo na escola, por considerar as demais pessoas mais imaturas, por achar o professor repetitivo, por não ser o que gosta (de fazer) ou por ser fácil demais. São diversas circunstâncias que podem acontecer no meio social. Mas geralmente (essas pessoas) escolhem seus pares e se divertem nos momentos de solidão com as próprias descobertas”, comenta.
É no encontro com os pares que o papel das associações, como a Mensa Internacional, se torna mais importante. “Há jogos, brincadeiras, eventos, uma porção de coisa bem legal que ajuda no desenvolvimento cognitivo da criança. Sem contar que terão amizades que poderão valer para toda a vida. Eu mesmo fiz e faço muitos amigos nas associações que não só se tornam clientes, como também contrato. Além de parceiros de pesquisas, pessoas renomadas e que agregam muito”, conta o consultor.
E, por enquanto, isso é tudo que o pequeno Theo precisa. “Além da inteligência e capacidade de raciocínio, surpreende a maneira com que ele lida com situações novas que seriam desconfortáveis para a maioria das pessoas, até mesmo adultos. Tudo costuma ser encarado como uma brincadeira e com diversão”, revela a mãe do pequeno gênio.