Nesta segunda-feira, 18, a ossada de um bebê foi encontrada durante escavações na comunidade do Pilar, no Bairro do Recife
Nesta segunda-feira, 18, a ossada de um bebê foi encontrada durante escavações na comunidade do Pilar, no Bairro do Recife. Os pesquisadores contam que foi possível localizar dezenas de esqueletos enterrados, com isso pode se conseguir revelações sobre quem foram os primeiros recifenses.
De acordo com a prefeitura, esse achado arqueológico urbano é o maior do país. O bebê foi enterrado em cima de outro esqueleto, um adulto que já havia sido sepultado. Com o esqueleto encontraram 13 pregos de ferros e resquício de metal que fazia parte do caixão.
As descobertas chamam a atenção e atraem profissionais voluntários. A bioarqueóloga Cláudia Cunha, da Universidade Federal do Piauí (UFPI), trabalha com a equipe da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), é a responsável pela pesquisa.
Usando uma metodologia chamada antropologia do terreno, Cláudia levanta dados no próprio local e preenche a ficha antropológica, incluindo as medidas do esqueleto. Após medir a tíbia, um dos ossos que ficam abaixo dos joelhos, concluiu ser um bebê com idade entre quatro e seis meses. Não foi possível identificar se era menino ou menina.
Cláudia relatou que o crânio teria sido esmagado por pressão e ela acredita que a presença de animais e raízes de plantas interferiram na cova.
A retirado do esqueleto está previsto para ocorrer até hoje, terça-feira, 19, após esse processo será possível realizar uma análise focada na ossada do adulto encontrado junto a ele.
Nessa área, a equipe da UFRPE encontrou dez esqueletos e os restos de outros cinco. Os pesquisadores esperam achar mais ossadas, pois as escavações realizadas até então não atingiram um metro de profundidade.
Dentro de uma área histórica e turística, foi descoberto mais de 40 mil fragmentos de objetos diversos e mais de 100 ossada, além de vestígios do Forte de São Jorge, um dos mais antigos do Brasil.
A pesquisa arqueológica na área, é tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), seguiu a determinação necessária para executar o projeto de construção de um conjunto habitacional que abrigaria 420 famílias.
Foram realizadas várias escavações e os arqueólogos encontraram, sob a Igreja do Pilar, vestígios do forte construído para lutar contra os invasores holandeses e milhares de fragmentos de objetos que não deixam dúvida de que o lugar já era habitado centenas de anos atrás, segundo os especialistas.
Os fragmentos contabilizados entre 2014 e 2020 eram de cerâmicas, peças de jogos, tijolo holandês, garrafas de bebidas, perfume, remédio, moedas, bala de canhão, escova de dente e ossadas.
O local também abriga vestígios do que pode ser o maior cemitério arqueológico já encontrado no Brasil, segundo a prefeitura do Recife. Há indícios de que pessoas mortas na guerra e vítimas de doenças, como a cólera e gripe espanhola, que matou mais de quatro mil recifenses, entre os séculos 16 e 20, podem ter sido colocadas no cemitério.