Crianças e adolescentes que são vítimas ou testemunhas de violência na escola podem experimentar uma série de emoções, incluindo medo, ansiedade, raiva, tristeza e confusão
Em cerca de 15 dias, ao menos três ataques em escolas foram registrados no Brasil, sendo um deles em Goiás. O caso aconteceu em Santa Tereza de Goiás no dia 11 de abril, quando um adolescente de 13 anos feriu colegas com faca na instituição de ensino.
Antes disso, outros dois casos foram registrados, um no dia 5 de abril, quando um homem invadiu uma creche em Blumenau, Santa Catarina, e matou quatro crianças e deixou outras cinco feridas.
O outro aconteceu no dia 27 de março, em São Paulo, quando um adolescente de 13 anos invadiu a sala de aula e matou uma professora de 71 anos, com golpes de faca, além de ferir outras pessoas que estavam na instituição de ensino.
Episódios como esses podem deixar traumas profundos em crianças e adolescentes que foram afetados, e é importante que os pais, professores e cuidadores saibam como lidar com essas situações.
As crianças e adolescentes que são vítimas ou testemunhas de violência na escola podem experimentar uma série de emoções, incluindo medo, ansiedade, raiva, tristeza e confusão.
É importante que essas emoções sejam reconhecidas e validadas pelos adultos, para que as crianças possam começar a processar seus sentimentos e começar a se recuperar.
A psicanalista e especialista em desenvolvimento humano, Joseana Sousa, comenta que uma das primeiras medidas a serem todas é o acolhimento das vítimas.
“Entender e saber como encarar os traumas é desafiador. Aprender a lidar com eles é indispensável para minimizar danos emocionais. No caso de crianças e adolescentes, a iniciativa parte dos pais, pois muitas das vezes, o trauma pode impedir aquela criança de prosperar, avançar nos estudos, na vida social, por ainda estar paralisado no que aconteceu, fazendo com que os seus olhos sempre estejam voltados para trás”, comenta a especialista.
De acordo com psicanalista , a forma como cada pessoa lida com traumas é subjetiva. No entanto, para superar ou aprender com o ocorrido, pode ser útil dedicar-se a algumas técnicas de autoconhecimento.
Além disso, contar com uma rede de apoio, especialmente na escola, é uma iniciativa importante, pois mais pessoas poderão compartilhar os mesmos medos e receios, segundo a especialista.
Como conselho aos pais, a psicanalista enfatiza a importância de perceber possíveis mudanças comportamentais nas crianças e adolescentes dentro de casa. Além disso, é crucial evitar fomentar raiva e ódio após o ocorrido. “Assim, você vai machucar o que já está ferido e precisa ser trabalhado”.
“É importante saber que sempre será possível descobrir novos significados daquilo que já vivemos. O episódio aconteceu, infelizmente ele existiu na vida de muitas pessoas, e é necessário um tempo de processamento para cada uma delas, mas é preciso fazer o possível para que esse episódio não bloqueie os avanços, conquistas e crescimento dessas pessoas”, finaliza.