Marilda dos Santos tomou medicamentos, amarrou os pés e as mãos e morreu asfixiada no porta-malas de seu automóvel
Pense em Agatha Christie e P.D. James, as grandes damas dos romances policiais, e em Franz Kafka, autor do romance “O Processo”. Pois os três autores, por mais habilidosos que fossem, teriam dificuldade de narrar a história que se vai contar a seguir. É tão estranha que vale pôr o pé atrás e perguntar: “Mas será mesmo verdade”. Tudo indica que sim, dado o trabalho meticuloso da perícia técnica e da investigação da Polícia Civil.
Segue-se a história. Em 22 de agosto de 2021, a psicóloga Marilda Matias Ferreira dos Santos, de 37 anos, foi encontrada morta no porta-malas de seu automóvel, com as mãos e os pés amarrados, em Monte Alegre, em Minas Gerais. Ou seja, um quadro de homicídio, praticamente explícito. A polícia foi acionada imediatamente pelo marido da psicóloga.
Porém, segundo investigação técnica da Polícia, Marilda Ferreira dos Santos teria se matado e simulado que havia sido assassinada. Como assim? A polícia concluiu o inquérito e divulgou seu resultado na quarta-feira, 16. Os peritos notaram que, apesar de os pés estarem bem amarrados, as amarras das mãos estavam soltas. Além disso, a chave do veículo estava no porta-malas. E nada havia sido roubado.
Segundo o jornal “O Tempo”, “os exames periciais concluíram que ela ingeriu uma quantidade exagerada de um remédio e que morreu por asfixia por causa da falta de ar dentro do porta-malas. A polícia também percebeu que não havia sinais de violência no corpo dela e que não havia sinais de arrombamento”, por isso “começou a investigar a possibilidade de suicídio”.
O marido contou à polícia que sua mulher havia dito que iria andar de bicicleta, mas não levaria o celular. Porém, como não voltou para casa, decidiu sair para procurá-la. À polícia apurou que todas as informações dadas pelo marido batiam com as conversas do casal por WhatsApp.
De cara, a polícia percebeu que, se havia um culpado pelo suposto “crime”, não era marido. Ao investigar a casa do casal, a polícia descobriu um diário que revelava que Marilda dos Santos estava com depressão. “Todos esses contextos permitiram concluir que ela praticou suicídio, montou esse cenário e algumas fantasias para demonstrar que seria um crime, porque ela não tinha essa coragem de praticar o suicídio perante pacientes e à sociedade, então ela queria ocultar e demonstrar que faleceu por homicídio, mas de maneira alguma tentou incriminar o próprio marido”, disse o delegado Rodrigo Bartoli.
Para um amigo, Marilda dos Santos contou que havia sido perseguida por moradores de rua, com o objetivo de “simular” autores para sua morte (acredita-se que inventou isto porque não queria incriminar seu marido). A polícia descobriu também que psicóloga já havia tentado se matar anteriormente. A Justiça recebeu o inquérito e o arquivou.
Com informações: Jornal O Tempo