Ministro afirmou que espera "uma fala unificada e o fim da dubiedade" entre suas orientações e as do presidente a respeito das medidas de combate à expansão da pandemia do novo coronavírus
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse nesta segunda-feira (13), ao deixar o Palácio da Alvorada, que não assiste à TV Globo ao ser questionado sobre a entrevista do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, ao programa Fantástico de domingo à noite.
Após conversar com apoiadores, na qual disse a frase, Bolsonaro evitou o contato com a imprensa, mas foi questionado à distância sobre a entrevista de Mandetta. Mais uma vez, respondeu que “não assiste à Globo”. Em seguida, entrou no carro oficial e deu ordem para que o comboio deixasse o Palácio da Alvorada.
Na entrevista à Globo, Mandetta afirmou que espera “uma fala unificada e o fim da dubiedade” entre suas orientações e as do presidente a respeito das medidas de combate à expansão da pandemia do novo coronavírus.
“Isso leva para o brasileiro uma dubiedade, ele não sabe se ele escuta o ministro da saúde ou se escuta o presidente da República”, afirmou.
Em tom mais comedido que no início da pandemia, Mandetta voltou a defender que a população brasileira permaneça em casa, posição contrária à defendida pelo presidente. Ainda assim, afirmou que o governo federal precisa passar uma “fala única” à população.
“[A diferença nas orientações] preocupa porque a população olha e fala assim: Será que o ministro da Saúde é contra o presidente? E não há ninguém contra ou a favor de nada. O nosso inimigo é o coronavírus, ele que é o nosso principal adversário. Se eu estou ministro da Saúde, eu estou por obra e nomeação do presidente”, afirmou Mandetta
“O presidente também olha pelo lado da economia”, prosseguiu, referindo-se à argumentação de Bolsonaro de que o isolamento piora o desemprego.
“O Ministério da Saúde entende a economia, entende a cultura, mas chama pro lado do equilíbrio e proteção à vida. Eu espero que essa validação dos diferentes modelos de enfrentamento dessa situação possa ser comum e possa ter uma fala unificada.”
Folha Press