Caso aconteceu em Ubatuba, litoral norte do estado, e já é 3º incidente do tipo no mês e o 2º no mesmo município
Uma mulher de 79 anos foi ferida por um ataque de tubarão na Praia Grande, em Ubatuba (SP), no último domingo (14), segundo concluiu uma análise de um pesquisador da Unesp. A vítima foi atacada na panturrilha enquanto se banhava.
Este é o 2º ataque do gênero na cidade do litoral norte paulista, onde há mais de 30 anos não se registravam incidentes com tubarões, e o 3º em todo o estado de São Paulo.
Em nota, a Prefeitura de Ubatuba ainda não confirma que o ataque foi resultado de um ataque de tubarão e diz que aguarda o resultado de laudos técnicos encomendados junto a especialistas.
De acordo com a análise de Otto Bismarck Gadig, pesquisador do Laboratório de Pesquisa de Elasmobrânquios da Unesp, as características preliminares indicam que o animal causador do ataque foi uma “espécie de tubarão de médio a grande porte, com cabeça arredondada, focinho curto e boca proporcionalmente larga em relação ao comprimento”, o que poderia corresponder ao tubarão-tigre ou ao tubarão cabeça-chata.
Ambas espécies fazem parte da fauna de tubarões da costa de São Paulo e “são formidáveis predadores costeiros de grande tamanho quando adultos, que se alimentam basicamente de peixes de médio porte, e que utilizam a região costeira para cumprir suas funções e processos naturais, como alimentação e busca de áreas adequadas para reprodução”, escreveu Bismarck.
O ataque concentrou-se na panturrilha da vítima, que foi perfurada por um conjunto de 5 dentes e teve a musculatura exposta devido ao movimento “brusco de puxar do lado oposto”. Uma ilustração da perna da senhora foi incorporada ao relatório:
Questionada sobre as informações contidas no laudo do pesquisador, a Prefeitura de Ubatuba não retornou aos pedidos de comentários.
“A Prefeitura segue alerta e irá tomar as devidas providências a partir de definições técnicas, amparadas no diálogo com pesquisadores acadêmicos vinculados à universidade e demais órgãos que atuem na área de biologia marinha”, conclui a nota.
Após a divulgação do laudo da Unesp, o Instituto Argonauta para a Conservação Costeira e Marinha, organização que atua no litoral paulista, afirmou que “Ubatuba há pelo menos 32 anos não registrava nenhum caso de incidentes entre banhistas e tubarões”.
“Nos últimos anos, temos notado uma presença muito maior de baleias em nossa região do que em anos anteriores, talvez relacionada com a disponibilidade de alimento. Com os tubarões pode estar ocorrendo o mesmo, embora nesta época do ano seja padrão o aparecimento de algumas espécies mais próximas em busca de alimento ou para darem a luz aos filhotes”, diz o informe.
O Instituto ainda subscreveu dicas aos banhistas para se atentarem a situações como águas muito turvas ou à concentração de cardume de peixes. Há também práticas a serem evitadas, como entrar na água com algum ferimento, nadar pelo início da manhã e fim de tarde e, ainda, usar joias brilhantes ou bater constantemente na água.
No começo do mês, um turista francês de 39 anos foi mordido na perna na Praia do Lamberto, também em Ubatuba. O banhista sofreu cortes profundos na perna e precisou de atendimento hospitalar.
Na segunda-feira (15/11), na praia de Ilha Comprida, no litoral sul do estado, um menino de 11 anos foi ferido na perna por um tubarão.
De acordo com a Prefeitura, o ataque produziu cortes de pouca profundidade, mas os ferimentos precisaram de sutura. A criança foi atendida na Unidade de Pronto-Atendimento da cidade e passa bem.