Edvaldo Santos, natural da Bahia, teria sido confundido com um irmão e ficou detido no presídio de Caldas Novas entre os dias 7/1 e 21/1
Apesar de inocente, o auxiliar de serviços gerais Edvaldo Andrade Santos, de 48 anos, ficou 14 dias preso no presídio de Caldas Novas (GO) por crimes que ele não cometeu. Natural da Bahia, ele teria sido confundido pela Justiça com um de seus irmãos, com o qual ele sequer tem contato há 10 anos.
Edvaldo ficou preso entre os dias 7/1 e 21/1. Ele só foi solto após o pedido de revogação da prisão feito pelo advogado Adoelton Lima. Ele mora com a família na cidade goiana e os crimes teriam sido cometidos em Ruy Barbosa (BA), entre fevereiro e julho de 2021. O mandado de prisão foi expedido pela Justiça baiana.
O advogado não sabe ao certo como o nome dele foi associado aos crimes investigados. Ele explica, somente, que no relatório da investigação da polícia é utilizado, o tempo todo, um apelido atribuído a um dos irmãos de Edvaldo. Irmão este, que estaria, inclusive, morando em São Paulo.
Engano
Em algum momento, acredita o advogado, houve o engano por parte da Justiça e o nome do auxiliar de serviços gerais foi citado indevidamente no processo. No pedido de soltura, a defesa de Edvaldo anexou documentos que comprovam que ele estava trabalhando em Caldas Novas no dia em que os crimes teriam ocorrido em Ruy Barbosa.
Entre os documentos, estão registros dele em atividades religiosas, pontos de frequência assinados em um condomínio da cidade, onde ele trabalhava regularmente, e outros. O advogado pretende entrar com uma ação de reparo pelos danos causados contra o judiciário da Bahia.
Emoção na saída
Edvaldo deixou o presídio no dia 21/1 e foi recepcionado por um filho e pela esposa do lado de fora. A família estava bastante emocionada com a saída dele da prisão.
Ele agradeceu a Deus pela liberdade e descreveu como “muito difícil” a experiência vivida no presídio. “Principalmente, para você que é inocente”, enfatizou.
Os danos gerados numa situação como essa são vários, segundo o advogado. Além da questão moral e material, tem ainda o dano psicológico.
“Não sabemos quando Edvaldo voltará ao estado em que ele estava antes de ser preso. O dano reflexo da prisão a um cidadão de bem é devastador. Isso vai assombrar a família por muitos anos”, afirma Adoelton.
Liberdade provisória
Mesmo com a inocência comprovada, a Justiça concedeu uma soltura em caráter provisório. A liberdade dada a Edvaldo não é total, cabendo a ele cumprir, ainda, algumas medidas cautelares, como não entrar em contato com investigados, não falar com os familiares que moram em São Paulo e manter endereço atualizado na Justiça.
Para o advogado, trata-se de uma decisão arbitrária e abusiva. “Ele está solto, é inocente, mas ainda terá de cumprir regras e sendo processado”, pondera Adoelton.
A juíza que concedeu a soltura pediu, ainda, pela retomada das investigações sobre o caso, já que houve o engano e culminou na prisão de uma pessoa que não teria cometido os crimes.