A empresa Campo da Esperança afirma haver indícios de que conduta seria uma retaliação por mudanças implementadas em cemitérios
Pedreiros que construíam um jazigo no cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul, não demonstraram preocupação com os restos mortais de uma pessoa já enterrada. Um vídeo gravado nessa quarta-feira (16/3) e obtido pelo Metrópoles mostra trabalhadores pisando em ossos enquanto levantavam a estrutura.
“Aqui é o serviço da Campo da Esperança: funcionários arrumando túmulos e pisando em cima dos restos mortais; olha o respeito que tem”, narra o homem que grava o vídeo. Depois, ele dá informações sobre a sepultura violada: “Setor A, Quadra 701, túmulo 49”.
O homem, que estava no local visitando o túmulo de um parente, se revoltou ao perceber as imagens que considerou chocantes. Mesmo com o celular bem perto, os pedreiros ignoram e continuam o serviço normalmente. Quando a câmera se aproxima, é possível ver os ossos do cadáver em um caixão parcialmente quebrado.
Veja as imagens:
A reportagem entrou em contato com a Campo da Esperança, concessionária responsável pelo cemitério. A companhia afirmou ter suspendido o contrato com a empresa terceirizada responsável pelas obras, identificada apenas como “AJC”, e ressaltou que nos próximos dias outras medidas serão tomadas.
Ainda segundo a Campo da Esperança, o trabalhador que aparece no vídeo foi identificado e afastado. “Há indícios de que a conduta foi uma tentativa deliberada de retaliação à concessionária por mudanças que estão sendo implementadas nos cemitérios”, afirmou. Por fim, assegurou que a conduta “vai contra a política da empresa, que respeita as sepulturas e o cuidado com os trabalhadores”.
Veja na íntegra da manifestação da empresa Campo da Esperança:
“A Campo da Esperança Serviços Ltda. informa que:
– Suspendeu o contrato com a empresa terceirizada responsável pela obra e vai avaliar nos próximos dias outras providências que serão tomadas.
– O trabalhador que aparece no vídeo já foi identificado e afastado pela empresa terceirizada contratada pela Campo da Esperança Serviços. Há indícios de que a conduta foi uma tentativa deliberada de retaliação à concessionária por mudanças que estão sendo implementadas nos cemitérios.
– O serviço mostrado no vídeo enviado pela reportagem trata-se de reformas preventivas de jazigos para o reforço das estruturas. As intervenções nessa área específica, estão concluídas.
– O procedimento mostrado nas imagens vai totalmente contra a política da concessionária de respeito às sepulturas e cuidado com a segurança do trabalhador e dos visitantes.”
A Subsecretaria de Assuntos Funerários (Suaf) da Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejus) afirmou ter instaurado processo para apurar as circunstâncias da gravação do vídeo.
Veja a íntegra da manifestação da Sejus:
“A Secretaria de Justiça e Cidadania informa que não tomou conhecimento do vídeo mencionado. Porém, a partir das informações citadas na demanda, foi instaurado processo na noite desta quarta-feira (16). Informamos ainda que foi indicada equipe para estar amanhã (17) às 8h, no Cemitério da Asa Sul, a fim de verificar o ocorrido.”