Beneficiam-se, nesta primeira etapa, os agricultores familiares dos municípios de Flores de Goiás, São João da D’Aliança e Formosa com 150 kits de irrigação
O Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), iniciou o processo de implantação do Projeto de Fruticultura Irrigada do Vão do Paranã. A inciativa visa incrementar a produção agrícola no Nordeste goiano, gerando emprego e renda.
A Seapa criou o projeto que tem a parceria do governo federal, instituições de ensino e pesquisa, além de entidades representativas do setor.
Beneficiam-se, nesta primeira etapa, os agricultores familiares dos municípios de Flores de Goiás, São João da D’Aliança e Formosa com 150 kits de irrigação. Os equipamentos foram adquiridos pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), com investimento federal de R$ 9,3 milhões.
Esta primeira etapa do projeto abrange 300 hectares abastecidos pelas barragens do Rio Paranã e Ribeirão Porteira. A área tem capacidade de produção estimada em 4,2 mil toneladas de maracujá e 6 mil toneladas de manga por ano, o que deverá se efetivar a partir do segundo e terceiro anos de implantação das culturas, respectivamente.
Os agricultores são selecionados por critérios técnicos, entre eles a disponibilidade de área e água e o interesse em participar das capacitações obrigatórias em manejo e gestão. Cada propriedade receberá um kit de irrigação para atender dois hectares.
O governador Ronaldo Caiado ressalta que o objetivo é criar um sistema de irrigação semelhante ao do Estado de Pernambuco, com capacidade de produção competitiva.
“O Vão do Paranã é uma área extremamente privilegiada tanto do ponto de vista do microclima quanto do volume de águas do rio Paranã”, afirma.
Tiago Mendonça titular da Seapa diz que o projeto cumpre a missão dada pelo governador Ronaldo Caiado de criar oportunidades nas regiões mais carentes do estado por meio da inclusão produtiva. “Temos trabalhado nisso desde 2019 e estamos começando a ver o sonho se concretizar”, destaca.
Entre os méritos da iniciativa, ele cita a geração de emprego e renda para famílias vulneráveis, a democratização do acesso à água das barragens do Rio Paranã e Ribeirão Porteira. Também compõem o incremento e a diversificação da produção agrícola estadual e o desenvolvimento tecnológico e econômico da região Nordeste.
Superintendente de Engenharia Agrícola e Desenvolvimento Social da Seapa, José Ricardo Caixeta Ramos conta que os agricultores estão sendo capacitados em áreas como cooperativismo, manejo e gestão.
“A primeira capacitação em cooperativismo foi realizada em novembro e reuniu 24 produtores, eles já deram início ao processo de formalização da cooperativa”, diz.
O projeto prevê ainda a implantação de uma agroindústria para processar e comercializar a produção.
“Isso vai impulsionar a formação do polo e abrir oportunidade para incluir mais produtores. A região tem pelo menos 4,5 mil agricultores familiares distribuídos por 42 assentamentos”, completa Ramos.
A gerente de Apoio à Produção da Codevasf, Andrea Sousa, destaca a importância da parceria com a Seapa e com outras instituições, como a Embrapa Cerrados. A empresa ficará responsável por monitorar e prestar assistência aos produtores em quesitos como manejo de água e solo.
“Visualizamos um potencial muito grande para a fruticultura irrigada naquela região e por isso estamos muito otimistas”, afirma.
O pesquisador em Recursos Hídricos e Irrigação e chefe-adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Cerrados, Lineu Rodrigues, reforça que os assentados serão beneficiados com o melhor da tecnologia de manejo de irrigação.
“A fruticultura tem uma importância especial pela quantidade de mão-de-obra que emprega e pela capacidade de gerar retorno econômico e desenvolvimento social. Temos a esperança de que, com o sucesso deste projeto, iniciativas semelhantes possam ser replicadas em outras localidades”, frisa.
O assessor técnico da Gerência de Agricultura Irrigada da Seapa, Alisson Luis Ferreira reforça que a região tem condições favoráveis de clima, solo e disponibilidade hídrica.
“Somamos a isso a tecnologia de irrigação e o resultado esperado é uma produção com quantidade e qualidade, capaz de atender aos mercados mais exigentes”, analisa.
A criação do polo de fruticultura no Nordeste goiano foi um dos temas levados pelo governador Ronaldo Caiado para o encontro dos chefes dos executivos estaduais com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na última sexta-feira (27/1), em Brasília (DF).
O governo federal é parceiro da iniciativa por meio de órgãos como a Codevasf, a Superintendência do Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco), a Embrapa Cerrados e a Agência Nacional de Águas (ANA). A expectativa do Governo de Goiás é de expandir o projeto.
A gerente de Infraestrutura Rural da Seapa, Cláudia Nogueira, explica que está sendo elaborado ainda um plano de negócios em conjunto com o Sebrae Goiás. Inclusive, segundo ela, já há sinalização de grandes empresas interessadas em comercializar a produção do futuro polo de fruticultura.
“Sabemos que há bastante mercado para a atividade, inclusive internacional, então a perspectiva é muito positiva. O projeto será um divisor de águas na região e dará dignidade para a população por meio da inclusão produtiva e social”, afirma.