Mais de 285 mil itens foram deixados pelos brasileiros nas prateleiras dos supermercados
Os brasileiros tem sofrido com a falta de dinheiro e a alta na inflação que elevou os preços dos alimentos e o custo de vida no país. Reflexo disso é que os consumidores tem deixado, cada vez mais, produtos básicos nos caixas de supermercado.
De acordo com uma pesquisa encomendada pelo jornal O Globo, entre julho e setembro deste ano, a quantidade de produtos deixados nos carrinhos de supermercado subiu 63,32%, comparado ao mesmo período do ano passado. Em números, isso representa mais de 285 mil itens que não foram levados para casa. No ano passado, 174 mil produtos foram abandonados.
Segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do IBGE, comer em casa ficou 13,3% mais caro nos últimos meses. Somente o grupo dos alimentos e bebidas tiveram um acumulo de 9,54% até setembro deste ano.
A queda dos combustíveis fez com que os preços dos alimentos caíssem, pela primeira vez, em setembro. O recuo de 0,5%, no entanto, não trouxe um impacto visível para os brasileiros.
De acordo com o Juliano Camargo, CEO da Nextop, empresa responsável pela pesquisa, “O consumidor está deixando de levar porque não tem condições. E a inflação tem a ver com isso”, acrescenta.
A pesquisa ainda aponta que, até mesmo, a “cervejinha” está ficando de lado para dar lugar a itens essenciais.
O economista-chefe do Banco Alfa chama a atenção para os constantes aumentos nos preços dos alimentos. Segundo ele, a cada vez que o consumidor retorna ao supermercado se depara com o preço do produto diferente – para mais caro.
De acordo com a Confederação Nacional do Comércio, quase 80% da população adulta brasileira está endividada e cerca de 40% não estão conseguindo manter as contas em dias e, consequentemente, tendo o nome negativado por órgãos de proteção ao crédito. São 64,25 milhões de brasileiros passando por situações de aperto financeiro.
Os dados ainda apontam que o crescimento do endividamento e inadimplência estão ligados ao uso do cartão de crédito ou empréstimos para compras essenciais.