Menina de 9 anos ficou 21 dias internada em hospital depois de passar por técnica de alisamento. Pai da criança afirma que não autorizou cabeleireira a fazer o procedimento
Antes de ter de cortar o cabelo, Yasmin passou por tratamento com medicamentos — Foto: José Flávio de Souza/Arquivo Pessoal
Pelas diretrizes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), técnicas de alisamento capilar, como escova progressiva, não podem levar formol na composição. O uso indevido dessa substância química traz sérios riscos à saúde, como reações alérgicas no couro cabeludo e câncer (entenda mais detalhes nesta reportagem).
Esses procedimentos estéticos devem ser feitos apenas em adultos, com produtos testados e regulamentados. A aplicação em crianças é proibida no Brasil.
Apesar disso, José Flávio de Souza, de 38 anos, afirma que uma cabeleireira de Ferraz de Vasconcelos (SP) fez uma escova progressiva na filha dele, Yasmin, de 9 anos, sem a autorização da família.
A menina ficou com os olhos inchados, sofreu uma inflamação e foi submetida a duas cirurgias de implementação de drenos na cabeça. Foram 21 dias no hospital.
"O médico falou que por pouco ela não ficou cega, porque o formol entrou pelo couro cabeludo dela e quase chegou aos olhos", conta Souza, que agora busca ajuda financeira para pagar pelo tratamento da filha.
O caso foi registrado como lesão corporal culposa (sem intenção). O G1 tentou entrar em contato com a profissional que fez a escova, mas não recebeu resposta.
A Anvisa afirma que o uso de alisantes capilares em crianças é proibido. Todos os produtos com esse fim são destinados exclusivamente a adultos.
Não. Segundo a Anvisa, usar formol para alisar o cabelo é uma infração sanitária.
Pelo artigo 273 do Código Penal, falsificar, corromper ou adulterar produtos "destinados a fins terapêuticos ou medicinais" é crime. A pena é de 10 a 15 anos de reclusão e multa.
A Anvisa afirma que alisantes de cabelo com formol apresentam os seguintes riscos à saúde:
Se houver uma exposição frequente ao formol, a pessoa pode ainda ter:
O profissional que aplica o produto também entra em contato com a substância, e, consequentemente, corre riscos. Como a escova progressiva exige o uso de chapinha (prancha que alisa o cabelo por meio do calor), há a liberação de vapores do formol para o ambiente.
ATENÇÃO: Não use alisantes sem registro. Eles podem causar danos à córnea, queimaduras graves no couro cabeludo, quebra dos fios e queda dos cabelos, afirma a agência.
A agência não registra procedimentos estéticos. Por isso, é importante verificar quais são os produtos usados no alisamento. Esses, sim, devem ser certificados pela Anvisa.
Sim. De acordo com a instrução normativa publicada pela Anvisa em 2020, as seguintes substâncias são permitidas em procedimentos para alisar o cabelo:
O formol NÃO está entre eles.