Compra foi realizada em setembro, mas aprovação da Agência Nacional de Energia Elétrica só ocorreu no último dia 30. Companhia está entre as que possuem maior lucro no país
A Equatorial Energia assumiu a distribuição de energia em Goiás nesta terça-feira (3) três dias após ter concluído a compra das ações da antiga Celg-D da Enel por R$ 1,6 bilhão, a partir da aprovação da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). A empresa foi fundada em 1999, é o terceiro maior grupo de distribuição de energia do país e também atua no setor de transmissão, energia renovável e saneamento.
Ao assumir a distribuição de energia, a empresa afirmou que deve criar novas subestações no estado.
Nesta terça-feira, a companhia apresentou a nova diretoria e o plano de ações a serem desempenhadas para o fornecimento e a distribuição de energia elétrica em Goiás. Inicialmente foi apresentado um plano de 100 dias para o atendimento dos 237 municípios da área de concessão, que abriga 3,3 milhões de unidades consumidoras.
O processo de venda da Celg-D pela Enel para a Equatorial foi iniciado no dia 23 de setembro, enquanto a votação da Aneel que autorizou a transação comercial aconteceu no dia 6 de dezembro. A Equatorial ganhou, então, um prazo de 120 dias para implementação da operação de transmissão de energia em Goiás, a partir da data de publicação da decisão. O processo de venda foi concluído em definitivo no último dia 30 de dezembro.
De acordo com a empresa, segundo entre as ações a serem implementadas, estão investimentos estruturais que devem ser direcionados à "melhoria de distribuição de energia e atendimento à demanda reprimida, com novas linhas de distribuição e subestações". Ainda segundo a Equatorial, esse plano projeta três novas subestações, três novas linhas e subtransmissão, 9,6 mil novas ligações de baixa e média tensão e 98,5 mil de baixa tensão.
Com o plano de ação, a empresa planeja:
Entre as principais obras, a companhia também destacou o projeto JK-Jataí (que beneficia os municípios de Jataí, Rio Verde, Chapadão do Céu, Montividiu) e a linha de distribuição Píreneus-Day. Ainda quanto a distribuição de energia em Goiás, a empresa afirmou que detectou sobrecarga em 44% das unidades transformadoras no estado
A Equatorial tem algumas das distribuidoras com pior desempenho no ranking da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), já foi denunciada pelo Ministério Público Federal por crime ambiental e está entre as companhias com maior lucro do país (entenda sobre a denúncia ao fim da reportagem). Isso porque um levantamento da empresa Economatica aponta a Equatorial entre as 30 maiores empresas em receita líquida no ano de 2021, com R$ 24,2 bilhões. Em 2020, a receita foi de R$ 17,9 bilhões.
A companhia também está entre as 30 com maiores lucros do país, com R$ 3,7 bilhões no ano passado. Em 2020, o valor foi de R$ 3 bilhões.
Além de Goiás, a companhia atua em outros seis estados brasileiros:
Equatorial Pará – 7ª posição
Enel Goiás – 27ª posição
Equatorial Maranhão – 28ª posição (penúltima posição)
CEEE (RS) – 29ª posição (última posição)
As demais distribuidoras da Equatorial não entraram excepcionalmente no ranking, pois estavam em um regime com limites de indicadores flexibilizados.
Em reunião com investidores, a empresa disse que é especialista em identificar companhias em dificuldades e promover o crescimento e reestruturação. A companhia informou ainda que terá condição de acompanhar o desenvolvimento do estado entregando energia em quantidade e qualidade suficiente.
Em junho deste ano, o Ministério Público Federal no Pará denunciou a Equatorial por crime ambiental e fraude após ter construído três redes de distribuição de energia ilegais dentro de uma terra indígena. O órgão pediu que a empresa pague R$ 1,6 milhões como reparação.
Ela também já foi multada em R$ 800 pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) por instalar redes de energia sem autorização dos órgãos competentes.
A empresa informou que está colaborando para o desligamento das instalações necessárias e que não compactua com violações de questões ambientais.