Segundo meteorologista, forte chuva ocorreu pela junção da frente fria que avança no litoral de São Paulo e a massa de ar quente e úmida predominante no interior.
Uma frente fria que avança pelo litoral de São Paulo e a massa de ar quente e úmida predominante no interior do estado causaram o temporal que caiu sobre Barretos (SP) na quinta-feira (6) e causou estragos em diversos pontos da cidade, explicou ao g1 a meteorologista da Climatempo, Josélia Pegorim.
Segundo ela, a circulação de ventos em vários níveis da atmosfera permitiu a formação de linhas de instabilidade que varreu a região norte de São Paulo.
“A linha de instabilidade é um fenômeno meteorológico caracterizado pela junção de várias nuvens cumulonimbus. As nuvens cumulonimbus são as que provocam chuva forte, raios. Quando há formação desse alinhamento, daí o nome linha, dessas várias nuvens, elas se deslocam ao lesmo tempo. Provocam intensas rajadas de ventos e chuvas volumosas”, afirmou.
Dados do Instituto Nacional de Meteorologia apontam que, em cinco horas, foram 82,4 milímetros de precipitação. No entanto, em apenas uma hora, foram 51.
“Foi uma situação de tempo muito instável, atmosfera muito instável. Essa transformação saindo de clima seco para úmido começou ao longo de dezembro. Agora a gente tem uma atmosfera úmida. As nuvens carregadas estão se formando com mais facilidade. Essa situação é a mais próxima da normalidade dessa época do ano. Tempestade em dezembro, janeiro e fevereiro é muito comum”, explicou a meteorologista.
De acordo com a Defesa Civil, há risco de chuvas fortes até este sábado (8) em Barretos. Para Josélia, a população deve permanecer em alerta e evitar muitos deslocamentos em caso de enchentes.
“A população de Barretose de todo o norte do estado deve ficar bastante atenta para os próximos dias, porque nós temos, agora, a zona de convergência do atlântico sul organizado sobre o Brasil. Bem na mediana nos estados do sudeste e centro-oeste. Muitas áreas de instabilidades podem ser formar nos próximos dias e vão passar pelo norte do estado”.
O volume de chuva que causou destruição em ruas e avenidas de Barretos era esperado para quatro dias, aponta o coordenador regional da Defesa Civil de São Paulo.
Por conta da força das enxurradas, uma idosa foi arrastada pela correnteza e está desaparecida. De acordo com informações registradas em boletim de ocorrência, a mulher é Antônia Yoshida, de 77 anos.
Um vídeo obtido pela reportagem mostra o momento em que ela é derrubada e levada pela enxurrada momentos antes de desaparecer.
As imagens foram feitas do interior de um dos carros retidos por conta do alagamento no trecho entre a Avenida 37 e a Rua 20 e mostram rapidamente a queda da vítima, bem como outra mulher, em outro automóvel, cercada pela água.
Em outro vídeo obtido pela reportagem, a mesma mulher é alertada a permanecer no carro por moradores vizinhos, desesperados com a força da água que passava pela rua.
Na sexta-feira (7), Bombeiros usaram drone para procurar a idosa no Rio Pitangueiras, mas não acharam vestígios dela. Os trabalhos foram retomados neste sábado.
Na Avenida 27, um Fusca foi arrastado pela correnteza. Além disso, a ponte sobre o Córrego Bairro Preto, entre os bairros Cristiano Carvalho e Zequinha Amêndola, na Avenida Fraternidade Paulista 1, desabou.
Um dos trevos de acesso à cidade ficou encoberto de água até a altura das placas de sinalização.
Em função dos estragos, a prefeita Paula Lemos (DEM) decretou estado de calamidade pública, com dispensa de licitação para obras e serviços em até 180 dias, destacando a necessidade de recuperação emergencial das vias públicas e assistência à população.