O deputado Professor Israel Batista (PV-DF) protocolou nesta segunda-feira, 10, um requerimento para convocar o ministro Paulo Guedes para prestar esclarecimentos à Câmara por ter classificado os funcionários públicos como “parasitas”. A declaração proferida na última sexta-feira, 7, levou ainda o Sindicato dos Trabalhadores do Judiciário Federal no Estado de São Paulo (Sintrajud) a apresentar ao Ministério Público Federal uma representação contra o chefe da pasta de Economia do governo Bolsonaro pedindo apuração de sua conduta.
Durante palestra no seminário Pacto Federativo, promovido pela Fundação Getulio Vargas (FGV) na última sexta, o ministro da Economia afirmou: “o funcionalismo teve aumento de 50% acima da inflação, tem estabilidade de emprego, tem aposentadoria generosa, tem tudo. O hospedeiro está morrendo. O cara (funcionário público) virou um parasita e o dinheiro não está chegando no povo”.
Para Israel Batista, a colocação de Guedes, além de configurar “grave ofensa a todos os 12 milhões de servidores públicos brasileiros”, atenta contra o decoro do cargo de ministro de Estado. “A falta de respeito e de conhecimento sobre os servidores públicos do Brasil não pode ser admitida por esta Casa”, diz o parlamentar.
Já o Sintrajud indica, na representação enviada ao MPF, que há limites para a manifestação do pensamento, com respeito à dignidade das pessoas, “não podendo ser utilizada a garantia da liberdade de expressão para imputar comportamento como aquele mencionado pelo denunciado ao conjunto de servidores públicos”.
O sindicato quer ainda que Guedes explique quem são os servidores que teriam recebido aumento de “50% acima da inflação”.
Além da entidade, o Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de Estado (Fonacate), que representa 200 mil servidores públicos, havia indicado que estudava recorrer à Justiça contra o “assédio institucional”
Após a declaração, o Ministério da Economia divulgou nota afirmando que o chefe da pasta “reconhece a qualidade do servidor público” e alegando que a imprensa “retirou de contexto” a declaração.
Paulo Guedes ainda se desculpou pela frase nesta segunda-feira. O ministro afirmou que não falava de pessoas, mas “do risco de termos um Estado parasitário, aparelhado politicamente financeiramente inviável”. “Me expressei mal e peço desculpas não só aos meus queridos familiares e amigos mas a todos os exemplares funcionários públicos a quem eu possa descuidadamente ter ofendido”, disse.
No entanto, o diretor do Sintrajud e servidor do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região Tarcísio Ferreira indica que apesar do “genérico pedido de desculpas”, “a transcrição das frases mostra de maneira bem clara e objetiva a compreensão que ele e o governo têm sobre os servidores públicos”.
Estadão Conteúdo