O pai e a madrasta foram presos em flagrante e o menino encaminhado para um abrigo
Na última segunda-feira (6/12) a Polícia Civil do Amazonas resgatou um menino de 9 anos que era diariamente torturado pelo pai, 32 anos, e a madrasta, 23 anos. Além do garoto, outras duas crianças viviam na casa, mas não há indícios de que elas também apanhavam. Os torturadores foram presos em flagrante, o garoto encaminhado para um abrigo e os outros filhos do casal estão aos cuidados da avó. O caso ocorreu no bairro Gilberto Mestrinho, na Zona Leste de Manaus.
De acordo com a delegada Joyce Coelho, titular da Delegacia Especializada em Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca) e responsável pelo caso, o menino era acorrentado todas as noites e dormia assim, caso precisasse ir ao banheiro, ninguém o ajudava. Além disso, ele era frequentemente espancado. Em depoimento, o pai da criança admitiu que amarrava o filho pelo fato do menino urinar na cama da irmã mais nova, e também por tomar o iogurte dela. “O pai do menino alegou que ele era intolerante a lactose e não poderia comer derivados de leite, o que o motivava a acorrentá-lo durante a noite”, contou a delegada.
O garoto foi encontrado em estado de desnutrição e com diversos hematomas pelo corpo. Segundo Joyce, a criança foi ouvida na Depca e informou que sofria as agressões, mas não contava para ninguém fora do âmbito familiar, pois tinha medo de ser espancada. “Durante o depoimento, o menino pediu alimento para a equipe policial, pois estava com fome”, relatou a autoridade policial.
Início
As agressões tiveram início depois que o menino foi morar com o pai. A criança se mudou após a separação dos pais. A mãe da criança o abandonou e havia cerca de quatro anos que eles não tinham notícias sobre o paradeiro dela. Além da vítima, moravam com eles mais duas crianças, uma de 8 anos, filha somente da madrasta, e uma de 2 anos, filha do casal, que não sofria maus-tratos.
Apesar de ter dois filhos biológicos, a madrasta confessou, ainda na unidade policial, não gostar de criança. A mulher, 23, contou que quando o pai do garoto não estava em casa, era ela quem acorrentava o menino. A polícia chegou até o caso por meio de denúncia anônima.
O casal responderá pelo crime de tortura. Eles serão encaminhados à audiência de custódia na Central de Recebimento e Triagem (CRT), onde permanecerão à disposição do Poder Judiciário. O crime de tortura tem pena de até 8 anos e pode ser agravado pelo fato de o agressor ser o pai biológico e de a tortura ser cotidiana.