Associação médica ressalta: enviar uma mensagem ao dirigir aumenta em 23 vezes a probabilidade de um sinistro. SP é recordista nas infrações
A Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet) divulgou um estudo mostrando que, a cada uma hora, são registradas 28 infrações de trânsito por uso de celular no país. Isso equivale a 675 pessoas multadas por dia. Em todo o ano passado, foram 246.438 infrações. Os números podem estar subdimensionados, como percebe a instituição, dada a quantidade de motoristas que se vê no dia a dia dirigindo e pendurada no telefone. Reportagem do próprio Metrópoles revelou que apenas no Distrito Federal são multados mais de 250 condutores a cada 24 horas.
Por isso, a Abramet ressalta que, mesmo assim, os dados são graves e refletem parte de um problema que deve ser enfrentado por todos. “Isso nos leva a reforçar a necessidade de maior conscientização e engajamento da sociedade para que possamos reduzir os sinistros e preservar vidas no trânsito”, afirma Antonio Meira Júnior, presidente da Abramet.
A instituição reforça que dirigir exige do condutor atenção totalmente dedicada ao trânsito e que o uso de smartphone já é a terceira causa de mortes no trânsito no país, ficando atrás apenas do uso de álcool e do excesso de velocidade.
No Maio Amarelo, mês dedicado à conscientização para uma mobilidade saudável e segura, a Abramet reforça que, entre os estados brasileiros que se destacaram negativamente no ano passado, por terem mais registros desse tipo, São Paulo lidera com mais de 37% ou 91.362 ocorrências. Em seguida estão Minas Gerais e Goiás, com 30.843 e 16.971 infrações, respectivamente.
A Abramet tem coletado dados e feito vários estudos sobre o tema. Um deles, por exemplo, analisou mais de 30 mil sinistros com mortes e constatou que as falhas de atenção ao conduzir, pelo uso do telefone celular, foram responsáveis por 14% deles.
“Dirigir e usar o celular quadruplica a probabilidade de sofrer um sinistro de trânsito e, se você estiver enviando uma mensagem, pode aumentar em até 23 vezes o risco”, contou ele à Agência Brasil. E esse acidente ocasionado pelo celular é o típico caso que não foi acidente. “É sinistro de trânsito, porque é passível de prevenção, poderia ter sido evitado”, diz.
O presidente da Abramet cita três tipos de distrações provocadas pelo uso do celular ao volante, que explicam a gravidade da infração. “A distração manual, quando você pega o celular, fica segurando, mandando mensagem; a distração visual – você desvia a atenção para o celular quando deveria estar olhando ao redor do carro; e a distração cognitiva – quando o conteúdo da conversa ou da informação pode ocasionar uma alteração emocional e você ser responsável por causar uma tragédia”.