Sim, você não leu o título errado! A Ford encerrou as atividades de manufatura, como a própria marca disse em nota, em território nacional. Após 101 anos, a montadora americana fecha as fábricas de Camaçari-BA, Taubaté-SP e Horizonte-CE, onde fica Troller.
A Ford diz que o fechamento se deve à Covid-19, que “amplia a persistente capacidade ociosa da indústria e a redução das vendas, resultando em anos de perdas significativas”.
Jim Farley, presidente e CEO da Ford, diz: “A Ford está presente há mais de um século na América do Sul e no Brasil e sabemos que essas são ações muito difíceis, mas necessárias, para a criação de um negócio saudável e sustentável”.
Ele completa: “Estamos mudando para um modelo de negócios ágil e enxuto ao encerrar a produção no Brasil, atendendo nossos consumidores com alguns dos produtos mais empolgantes do nosso portfólio global. Vamos também acelerar a disponibilidade dos benefícios trazidos pela conectividade, eletrificação e tecnologias autônomas suprindo, de forma eficaz, a necessidade de veículos ambientalmente mais eficientes e seguros no futuro.”
Para a Ford, ficam apenas o Centro de Desenvolvimento de Produto, na Bahia, bem como o Campo de Provas, em Tatuí-SP. Já a matriz da empresa se muda para São Paulo, após o fim de Taboão. O Troller vai operar até o quarto trimestre de 2021.
Lyle Watters, presidente da Ford América do Sul e Grupo de Mercados Internacionais, diz: “Nosso dedicado time da América do Sul fez progressos significativos na transformação das nossas operações, incluindo a descontinuidade de produtos não lucrativos e a saída do segmento de caminhões”.
Watters reiterou: “Além de reduzir custos em todos os aspectos do negócio, lançamos, na região, a Ranger Storm, o Territory e o Escape, e introduzimos serviços inovadores para nossos clientes. Esses esforços melhoraram os resultados nos últimos quatro trimestres, entretanto a continuidade do ambiente econômico desfavorável e a pressão adicional causada pela pandemia deixaram claro que era necessário muito mais para criar um futuro sustentável e lucrativo.”
Restará à Ford apenas a fábrica de General Pacheco, que deverá fazer a próxima geração da Ranger. Para os empregados, a Ford disse o seguinte. “Trabalharemos intensamente com os sindicatos, nossos funcionários e outros parceiros para desenvolver medidas que ajudem a enfrentar o difícil impacto desse anúncio”, continuou Watters. Em torno de 5.000 serão demitidos.
“Quero enfatizar que estamos comprometidos com a região para o longo prazo e continuaremos a oferecer aos nossos clientes ampla assistência e cobertura de vendas, serviços e garantia. Isso se tornará evidente ao trazermos para o mercado uma linha empolgante e robusta de SUVs, picapes e veículos comerciais conectados e eletrificados, de dentro e fora da região.” completou Watters.
A Ford mantém os lançamentos programados para 2021, reforçando que agora a gama será de produtos conectados, entre eles Bronco, do Mustang Mach 1 e da Transit, esta última montada no Uruguai pela Nordex. Na nota oficial, a marca diz: “Ford encerrará as vendas do EcoSport, Ka e T4 assim que terminarem os estoques”.
A Ford prevê um impacto de aproximadamente US$ 4,1 bilhões em despesas com o desmantelamento das operações, incluindo cerca de US$ 2,5 bilhões em 2020 e US$ 1,6 bilhão em 2021. Cerca de US$ 1,6 bilhão será relacionado ao impacto contábil atribuído à baixa de créditos fiscais, depreciação acelerada e amortização de ativos fixos. Aproximadamente US$ 2,5 bilhões impactarão diretamente o caixa da montadora, sendo a maioria, relacionados a compensações, rescisões, acordos e outros pagamentos.