Victor Silva e seus familiares protocolaram ação e iniciaram uma luta na Justiça para que ele possa ingressar na universidade. Ainda no Ensino Médio, ele já teve duas aprovações no curso
Aos 15 anos, o adolescente do 1º ano do Ensino Médio Victor Silva Galvão já realizou um sonho: passou no vestibular para o curso de direito duas vezes. A família do menino, que mora em Goiânia, conta que ele tem uma paralisia cerebral que foi descoberta quando ele tinha apenas 9 meses de vida. Com a aprovação na Universidade Estadual de Goiás (UEG), Victor e seus familiares iniciaram uma luta na Justiça para que ele possa ingressar no curso.
"Na primeira vez que ele passou, ele preferiu não tentar ingressar, queria viver mais a escola, mas dessa vez quando ele decidiu fazer a prova, disse que se passasse iria querer se matricular", contou o pai, Geraldo Alves.
E foi o que aconteceu: o resultado da aprovação na segunda fase saiu no último dia 8 de fevereiro e ele foi convocado para a matrícula no dia seguinte, superando mais de mil candidatos. No entanto, o edital de matrícula da UEG pontua como um dos critérios para a inscrição nos cursos de Educação Superior a apresentação de um certificado ou diploma de conclusão do Ensino Médio que seja devidamente registrado pelo órgão competente.
Ao g1, o pai de Victor contou que assim que o resultado da primeira fase do vestibular foi divulgado com a aprovação do menino, a família já entrou em contato com um advogado, para o caso do adolescente ser aprovado. Com a divulgação da aprovação na segunda fase, a ação foi protocolada na Justiça de Goiás nesta segunda-feira (13/02).
Victor ainda estava no ensino fundamental quando passou na faculdade pela primeira vez. um vídeo mostra o momento da comemoração da aprovação, que contou com ovo, banho de farinha e até pinturas no rosto. Marcante em sua trajetória, ele explica como foi o momento das duas aprovações.
"A gente estava em casa esperando sair o resultado. Todo mundo começou a gritar, minha irmã me abraçou, quase me derrubou da cadeira", relembrou o adolescente.
Hoje, com as duas aprovações no curso desejado antes mesmo de terminar o Ensino Médio, os pais não escondem o orgulho do filho.
"Estamos vivendo muitas emoções. Com a segunda aprovação ele mostrou que não foi sorte, mas resultado de muito esforço", disse Geraldo.
Ao g1, o pai explicou que as expectativas para a decisão do juiz também são positivas. Victor, que está decidido a entrar na faculdade mesmo ainda não tendo terminado o Ensino Médio, inclusive, dá uma grande dica para os vestibulandos e jovens que sonham em entrar em uma universidade:
"Se eu fosse dar uma dica, é isso: tentar tratar o estudo com naturalidade e não tenha medo de antecipar matéria. A maior mensagem disso tudo é: não tenha medo", diz.
Apesar do grande orgulho e alegrias que Victor proporciona à família, a mãe do menino, Sônia Cristina explica os desafios que o filho enfrentou e as estratégias que utilizava para estimular o desenvolvimento dele.
"Ele amava video games, então nós começavamos a instigar. Por causa da paralisia, ele tem dificuldade motora muito grande. Para ele escrever uma redação era muito difícil. [Então diziamos] se você escrever, você ganha o jogo. Ele escrevia 20, 30 vezes e ganhava o jogo", conta a mãe.
À TV Anhanguera, a família explicou que a leitura foi uma das coisas que mais ajudou no desenvolvimento intelectual do menino. Além dos estímulos à mente, desde cedo isso ajudou a amplicar o vocabulário do adolescente.
Depois de todo o caminho trilhado por Victor e a família, todos esperam com grandes expectativas a possibilidade da matrícula do filho na universidade. Ainda na escola, o menino que não tem medo de se aventurar em disciplinas e conteúdos mais avançados para sua idade, explica que sente a admiração dos amigos e até brinca com a tentativa de cola dos colegas na sala de aula.
"Se eu já vi olhando de raspão? Talvez, mas não costumo deixar fácil", brinca.
Por Gabriela Macêdo, Rosane Mendes e Geovane Ázara, g1 Goiás e TV Anhanguera