O pai da bebê Elza Mariana, que tinha apenas três meses, foi indiciado pelo Ministério Público de Goiás por homicídio qualificado e maus-tratos, após a criança morrer no Hospital Estadual de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol), na primeira quinzena de agosto. O homem, de 31 anos, alegou que a filha havia engasgado, mas exames constataram traumatismo craniano grave, incompatível com a versão apresentada. Caso seja condenado, as penas acumulativas podem passar de 35 anos. A mãe da criança também poderá responder por maus-tratos.
O caso começou no último dia 10, quando o pai acionou o Corpo de Bombeiros ao perceber que a bebê não respirava. Ele afirmou que a filha estava no colo da mãe e teria engasgado durante a amamentação. No atendimento da Unidade de Pronto Atendimento de Anápolis, os profissionais desconfiaram e solicitaram um exame detalhado, que acusou que a menina havia sido vítima de violência extrema. O pai foi preso preventivamente ainda no hospital, e a Polícia Civil apurava o caso sob a ótica de tentativa de homicídio.
Durante a investigação, a delegada Aline Lopes, da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), revelou que o pai já possui quase 20 passagens criminais, incluindo violência doméstica, posse de drogas e crimes contra agentes de segurança. A apuração também indicou negligência com os outros três filhos do casal, entre quatro e 12 anos, que eram frequentemente deixados sozinhos sem alimentos, enquanto os pais consumiam drogas. Após a prisão do pai, as crianças ficaram sob cuidados da avó.
A bebê Elza Mariana permaneceu em protocolo de morte encefálica no Hugol, mas não resistiu aos ferimentos e teve a morte confirmada no dia 14. A mãe, Nayara Rodrigues, afirmou viver dias de dor intensa e relatou à reportagem que o estado da filha é resultado de uma vida familiar marcada pela violência do marido, que gastava o dinheiro da família com drogas e deixava os filhos em situação de vulnerabilidade. Atravessada pela dor, Nayara pediu Justiça pela filha.