O fato acontecido na tarde desta terça-feira (18/02), exaltou os ânimos da população e dos personagens envolvidos. Se existisse um termômetro de #trendtopics do twitter espalhados pela cidade, expondo o assunto que estaria quente na cidade, fatalmente seria o episódio de fechamento do Sacolão do CIÊ, do empresário Juciê Batista do Nascimento.
A confusão teve início, quando por volta das 14h25 o filho do empresário, Douglas Smith, iniciou uma transmissão ao vivo do estabelecimento, diretamente no Grupo Desabafo Formosense no Facebook, onde lá estavam, fiscais da Vigilância Sanitária e equipes da Polícia Militar, para interditar o estabelecimento, por falta de alvarás e adequações necessárias, segundo a coordenadora da Vigilância Sanitária em Formosa, Jackeline Silva.
Ao iniciar à transmissão, Douglas Smith afirmou que estaria acontecendo abuso de poder e perseguição política por parte do prefeito Gustavo Marques. Em seguida, após dizer que poderia filmar sim os funcionários públicos, o jovem afirmou, "querem fechar o Sacolão, por causa de banana, por causa de macaco".
Para entender à referência, é preciso voltar um pouco a linha do tempo, onde recentemente utilizando o próprio grupo, o empresário, conhecido na cidade como "Ciê", publicou um vídeo, onde aparece levando frutas impróprias para consumo humano, e que fatalmente seriam descartadas para a região do Parque Municipal da Mata da Bica, onde há uma reserva ecológica com vários animais, dentre eles, macacos.
Após o episódio, algumas pessoas alertaram o empresário de que apesar da sua boa intenção, alimentar animais silvestres é crime ambiental.
Com a orientação, o empresário gravou novamente um vídeo explicando que não mais alimentaria os macacos, a partir desse novo entendimento.
A live iniciada por Douglas Smith, teve imensa repercussão e mais 11 mil visualizações até então. Rapidamente outros personagens juntaram-se ao episódio, alguns in loco, outros em vídeos publicados posteriormente ao fato.
Dentre eles, o vereador Wenner Patrick, que aparece em boa parte da transmissão. O vereador acusa nominalmente o prefeito Gustavo Marques de perseguição política, conforme ficou registrado na live.
Não cabe aos princípios do jornalismo, emitir opinião, apenas evidenciar os fatos ocorridos, levando as versões de cada um dos envolvidos. Seguindo à nossa linha editorial, publicaremos as diferentes versões.
O repórter Júnior Popó da Terra FM de Formosa, ouviu as versões apresentadas pelo empresário e pela coordenadora da Vigilância Sanitária em Formosa.
O empresário afirma ter recebido uma notificação sobre a modificação de uns ventiladores e de pintura, ao ser questionado sobre quando foi realizado essa notificação o empresário diz ter recebido no ano passado.
Em seguida o empresário diz que, segundo sua secretaria os fiscais teriam pedido que os clientes saíssem da loja, pois o estabelecimento seria interditado, segundo ele, os clientes se recusaram a sair, quando iniciou-se toda confusão.
Ciê afirma ter pedido a coordenadora que não fechasse seu estabelecimento, recebendo a negativa de que não teria outra forma, o estabelecimento seria fechado. Neste momento, Ciê afirma que ligou para o seu filho Douglas Smith, onde aglomerou o pessoal.
Ao ser indagado pelo repórter, sobre qual seria o motivo para o fechamento da loja, Ciê responde:
Isso vem de muitos comentários, eu não posso nem falar o que vem a implicar isso aí. O que vem na minha cabeça é as frutas que eu dou para os animais na Mata da Bica.
Aí teve uma cidadã que me atacou mais cedo, com o áudio, eu tenho até o áudio, e posso passar pra você (Júnior Popó), dizendo que eu iria matar os macacos.
Aí eu fui lá na Mata da Bica e gravei um vídeo, onde disse que não iria mais tratar os animais, iria dar um tempo até regularizar algumas coisas.
O superintendente da Secretaria de Meio Ambiente, Ian Thomé, veio até aqui e disse que não é proibido, mas tem as normas.
Então nós vamos cumprir as normas. Eu disse, Ian é isso que eu quero, ele me disse que iria criar os pontos certinhos onde poderiam ser colocados às frutas, mas vamos esperar um pouquinho.
Aí foi quando aconteceu isso. Mas já tá tudo regularizado, amanhã(19), às 8h a nossa loja vai tá aberta de volta.
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) foi fundada em 26 de janeiro de 1999 pela lei nº 9.782/1999. Ela é classificada como agência reguladora, sob forma de autarquia – órgão autônomo da administração pública com personalidade jurídica, patrimônio e receita próprios – e é vinculada ao Ministério da Saúde.
A coordenadora Jackeline Silva diz que:
Bom, nós viemos para uma atividade corriqueira né! Em um estabelecimento que estava funcionando sem o alvará sanitário do ano vigente, e nós viemos pra proceder com a interdição, já que o estabelecimento, já havia sido intimado no final do ano passado, para algumas adequações e juntando com essa pendência do alvará sanitário de 2020, viemos proceder com essa interdição. Atitude que seria tomada, com qualquer tipo de estabelecimento. Logo fomos surpreendidos com acusações, de perseguição política, com acusações referentes à alimentação de animais na Mata da Bica. Então assim, o que deixo claro, é, o trabalho da Vigilância Sanitária é visando minimizar os riscos e cuidar mesmo da saúde da população. Então em momento algum, nós realizamos trabalhos de cunho, de perseguição, principalmente com questão política. Essa interdição que foi realizada hoje(18), aqui no Ciê, foi por uma medida realmente administrativa. As questões elas já estão sendo encaminhadas, documentações pertinentes já foram apresentadas, e amanhã (19) pela manhã, o estabelecimento voltará a funcionar normalmente. Ao ser questionada pelo repórter se as notificações realizadas ao estabelecimento seria um dos motivos para interdição, a coordenadora diz que: Sim, este é um dos motivos, pelo sacolão ter atividades de açougue. Nós estamos com uma fiscalização um pouco mais rígida, como é de conhecimento da população, no ano passado à Vigilância Sanitária atuou firmemente, em alguns açougues, houve apreensão de grande quantidade de mercadoria, então estamos dando continuidade a este trabalho. Então, além da falta do alvará sanitário pro funcionamento, existe também à pendência da organização da parte estrutural. A adequação conforme a legislação sanitária vigente. O trabalho da Vigilância Sanitária é sempre voltado para todos os estabelecimentos, de pequeno, médio ou grande porte. O nosso trabalho é sempre pautado dentro da legislação, e dessa forma não foi diferente. Então não é um trabalho pontual, e não é um trabalho, repito! Não é um trabalho por perseguição política, é um trabalho de rotina da fiscalização, e que acabou recebendo esse cunho político de uma forma errônea.
Questionado pelo apresentador do Jornal da Terra, William Santos, quanto à acusação feita pelo vereador Wenner Patrick, que o acusou de perseguição política, devido ao empresário ser um pretenso pré-candidato, o prefeito disse que: É deplorável essa situação, o vereador é fiscal do povo, fiscal da Lei. Ele agrediu de forma irresponsável os servidores da prefeitura, servidores estes, concursados e que trabalham de forma paralela ao poder público, fazendo o seu papel, cumprindo os objetivos da fiscalização. Ele me acusou de forma irresponsável também, colocando como se fosse política, alguma perseguição política. De forma alguma eu faço isso, não sou prefeito para fazer perseguição política com ninguém. Admiro o proprietário do Sacolão, o Sr. Ciê, pelo trabalho e pelo homem que é, a família dele e todos que trabalham ali. E assim é um acontecimento triste, porque o vereador tem que tá lá é pra proteger a lei, ele de forma agressiva, agrediu verbalmente às servidoras que foram lá cumprir o seu papel. E colocando à população contra mim, falando que é perseguição política, coisa que não aconteceu e nem vai acontecer. Perguntando sobre em que momento teve conhecimento do episódio, e sobre quais as atitudes que iria tomar, o prefeito declarou que: Bom William, eu tive conhecimento estava no meio da operação, estava voltando de Goiânia, eu pedi para os secretários me passassem o relatório. Eles me passaram a documentação toda, que já tinha sido feito uma vistoria, e que o estabelecimento estava funcionando sem o alvará sanitário. E tá aí, quem melhor pra falar sobre isso é o Paulinho MPB, que tá aí com vocês, que é fiscal do município, ele sabe que eu mesmo não interfiro em nenhum tipo de fiscalização. Eles tem que fazer o papel deles, sem precisar de que eu faça algum pedido, ainda mais quando se trata de um ano político, que isso tudo vai se virar como se fosse perseguição política entendeu? O apresentador William Santos, questiona o prefeito se ele acredita que utilizaram da situação para fazer política, o prefeito Gustavo Marques foi enfático: É o que eles fazem todos os dias, é o que o vereador faz todo dia, utilizando de formas agressivas, pra me agredir e denegrir a minha imagem, pra poder crescer a imagem dele. Eu acho que política não se faz dessa forma, faz de construção, não de destruição na vida das pessoas. Sobre as medidas judiciais, o prefeito Gustavo Marques diz que está recebendo ainda todos os vídeos, e que certamente tomará às providências cabíveis, vou ver o que pode ser feito. Mas eu quero deixar claro aqui, que não tem perseguição política, se tivesse perseguição política, eu mesmo estaria lá. O povo desvirtua muito as coisas, falando que ah, foi lá, persegui porque tava dando comida pros macacos, não tem nada a ver uma coisa com a outra. Eu tenho família também, eu sei que é complicada essa situação, tem pessoas que dependem do trabalho lá, mas é um ato da Vigilância Sanitária, dos fiscais que já tinha ido lá antes. E outra coisa, essas operações, elas vão continuar também, porque tem que ser fiscalizado, o comércio todos. Nós tivemos recentemente uma grande operação que culminou no fechamento de alguns açougues, não é só este ponto específico. A Vigilância está fazendo o papel dela, eu nunca fui na Vigilância pedir para que fosse feito fiscalização em A ou B.
Elias Lopes, para o Portal Foca Lá