Crime ocorreu em 2021, em Monte Alegre de Goiás. Grupo de empresários do Paraná comprou pacote para virem caçar animais abandonados em fazenda
Delegados da Polícia Federal Sandro Paes e Rodrigo Teixeira, na sede em Goiânia — Foto: Reprodução/Rafael Oliveira
Um empresário de Formosa-GO, um dos alvos de operação da Polícia Federal nesta terça-feira (28/03), é investigado por promover turismo de caça contra búfalos abandonados em uma fazenda de Monte Alegre de Goiás, na região da Chapada dos Veadeiros, um dos principais pontos turísticos do estado.
"Três são do Paraná e vieram caçar em Goiás. No vídeo, tem a participação de pessoas da fazenda guiando os caçadores. Eles orientavam sobre onde encontrar os búfalos e como matar. Eles tinham que acertar o coração para o animal morrer. Depois, eles pegavam o sangue e passavam no rosto para serem batizados", explicou o delegado.
A investigação apontou que os caçadores divugavam vídeos na internet mostrando a cabeça do búfalo como troféu. As imagens, porém, não foram divulgadas porque fazem parte da investigação e estão sob sigilo. A carne do animal era doada para pessoas mais pobres da região.
O delegado Sandro Paes Sandre, da Polícia Federal, disse que ele vendeu pacotes para empresários do Paraná virem caçar os animais. A caça é considerada ilegal porque o grupo não tinha licença do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama).
Segundo a Polícia Federal, ao todo, seis pessoas são investigadas, sendo quatro com registros de Colecionadores, atiradores e caçadores (CACs), o dono da fazenda e um morador da região. Os registros foram suspensos pela Justiça.
Cinco investigados são empresários de alto poder aquisitivo, segundo a polícia. Com um deles, foram apreendidos cinco fuzis avaliados em R$ 100 mil, além de R$ 50 mil em dinheiro.
Como o nome dos investigados não foi divulgado, a reportagem não conseguiu localizá-los ou a defesa deles para um posicionamento até a última atualização desta reportagem.
Durante a operação Alvo Reverso, os agentes apreenderam armas, celulares e documentos em Monte Alegre de Goiás, Formosa, Brasília, e em Curitiba, Ponta Grossa e Tibagi, no Paraná.
A Polícia Federal começou a investigar o crime após receber um relatório de inteligência feito pelo Ibama em 2021. O documento denunciava a caça ilegal.
"Há relatos nos vídeos de que os búfalos causavam prejuízos nas lavouras, mas na fazenda onde ocorria a caça não tinha lavouras", destacou o delegado.
A polícia apurou que o empresário de Formosa aprendeu a caçar durante excursão na África e depois começou a vender os pacotes.
A lei brasileira proíbe a caça de animais silvestres, com exceção do javali, que não é nativo e, por isso, não tem predadores naturais.
Segundo a PF, os investigados poderão responder pelos crimes de caça ilegal de animais selvagens, associação criminosa, porte ilegal de arma de fogo e apologia criminosa.