Segundo a polícia, quadrilha pretendia desencadear uma série de assaltos com explosões em terminais de autoatendimento e em praças de pedágio
Uma operação das polícias militares de Goiás e do Distrito Federal evitou um roubo planejado por criminosos há cerca de três meses. Um bando de ao menos 12 homens articulou um assalto em um pedágio de Cristalina (GO), no Entorno do DF. As equipes encontraram o esconderijo da quadrilha, que ficava em uma chácara do Novo Gama-GO — a cerca de 37km do Plano Piloto de Brasília. Durante a abordagem, homens fortemente armados entraram em confronto com os militares. Sete deles foram mortos.
A operação teve início após o compartilhamento de informações da central de inteligência das Rondas Ostensivas Táticas Metropolitanas da PMGO (Rotam) e do Batalhão de Operações Especiais da PMDF (Bope). As investigações revelaram que os criminosos, moradores de Goiás, DF, Maranhão e Piauí arquitetaram uma ação de explosões em terminais de autoatendimento e em praças de pedágio. A ideia inicial era assaltar a praça de pedágio da BR-040 próxima à Cristalina.
Partiram para a ação tática 20 policiais, que descobriram o imóvel usado como esconderijo pelos bandidos. A chácara fica na zona rural do Novo Gama e foi alugada pela quadrilha há cerca de três meses, onde o bando montou uma base de operações para colocar o plano em prática. "Nós recebemos a informação de que seria um total de 12 criminosos. Ao chegarmos à chácara, fomos recebidos a tiros. Alguns fugiram e sete decidiram confrontar os policiais e foram mortos", afirmou o capitão Marcos, do 4ª CIA de Rotam.
Dos sete baleados, três foram socorridos com vida, mas não resistiram aos ferimentos. Nenhum deles portava documento de identidade e, até o fechamento desta edição, não haviam sido identificados.
O delegado-chefe da 2ª DP (Valparaíso de Goiás), Frederico Gama, que recebeu a ocorrência primeiro, confirma que, após um grupo de criminosos morrer no confronto, outros cinco acusados conseguiram fugir. A reportagem apurou que, na tarde desta quarta-feira (26/4), equipes policiais faziam buscas na zona rural, em áreas de mata da região.
Em posse dos criminosos, os militares apreenderam motos e carros roubados, quatro revólveres calibre 38mm, duas pistolas 9mm, uma pistola .380 e quatro armas de cano longo. Uma grande quantidade de explosivos também foi detonada. Diversos objetos que seriam utilizados na ação criminosa, como luvas, máscaras, miguelito e alavancas, foram recolhidos pelos policiais.
Segundo a PMGO, a quadrilha faria mais ações semelhantes. A polícia acredita que, com a operação, a organização criminosa foi desmantelada. "O que gostaríamos de ressaltar é que temos vários policiais que saíram de suas casas para combater o mal. Graças a Deus, nenhum deles ficou ferido", afirmou o coronel Câmara, da PMGO.
De acordo com o delegado do Centro Integrado de Operações de Segurança (Ciops) do Novo Gama, Taylor Brito, há três anos no grupo de homicídios e drogas da unidade, é comum ocorrerem assaltos a bancos e quadrilhas serem descobertas na zona rural antes de agirem. "Já vi notícias de que ocorreram assaltos a bancos, quadrilhas que foram surpreendidas em zona rural para poder realizar esse crime", diz ele, que irá investigar onde estão os cinco foragidos.
As paredes da casa onde os suspeitos estavam tinham buracos de balas. Havia marmitas abertas, pedaços de pão e tênis no chão. Um homem, responsável por alugar o imóvel e repassar o dinheiro ao dono, que preferiu não se identificar, disse que o terreno era usado para o plantio de verduras e que ficou surpreso com os tiros ouvidos na noite de terça-feira (25/4).
Ele contou que escutou o barulho do helicóptero da PM de Goiás e achou estranho, mas voltou a dormir novamente. "Por incrível que pareça, foi surpreendente porque aqui não tem essas coisas. Aqui nem polícia anda, imagina helicóptero. É um lugar tranquilo, tanto que fiquei sabendo do ocorrido na manhã seguinte, quando um colega me informou", acrescentou.
Em abril de 2021, sete criminosos foram mortos em confronto com a Polícia Militar do Estado de Goiás (PMGO), em Luziânia (GO). A troca de tiros começou após os policiais militares serem informados de que um grupo estaria ostentando armas dentro de um carro. Um soldado levou um tiro na coxa. Segundo as investigações da época, os envolvidos integravam a facção goiana Amigos do Estado (ADE).
Assim como nesse caso, em 2021, os criminosos se deslocaram de outros estados do país e montaram uma base em uma chácara de Luziânia. Na ocasião, o Correio esteve no imóvel. No portão, havia uma mensagem: "Proibida a entrada sem autorização". Na porta de entrada, havia o que parecia ser uma tentativa de intimidação de grupos rivais. "Você que está entrando aqui para roubar, eu vou te matar, seu maldito", dizia o texto. Abaixo, havia o desenho de um demônio sorrindo.
As marcas de bala nas paredes chamaram a atenção: foram mais de 40 disparos espalhados por todo o imóvel, na área externa, nos cômodos e nas janelas. No chão, manchas de sangue e luvas usadas pelos peritos durante o trabalho. Números nas paredes também davam indicativos da atuação da Polícia Civil no local.
No porta-malas de um dos carros encontrados no endereço, havia oito armas, sendo uma pistola equipada com um "kit rajada" — que permite disparos em sequência e em curto espaço de tempo —, uma pistola calibre .380, cinco revólveres .38 e uma arma de cano longo. O veículo, um Sandero preto, havia sido roubado em Anápolis (GO). Os militares também acharam máscaras de palhaço, uma balaclava e um bloqueador de sinal de satélite.